Um artigo dentro da WebInsider deixou-me bem revoltado e o motivo foi que a publicação citava “versões da web” (versão 1.0, versão 1.4, versão 1.6, versão 2.0, versão 2.1... versão 2.4), que foram modificadas no artigo para “fases de implementação de Web 2.0”. Vai por mim, antes doía muito mais, agora passou para processos de gestão e implementação de um sistema de colaboração.
Devido a isso, publiquei um comentário por lá, mas agora, acho que um outro aspecto da minha revolta veio em mente, que é a utilização da colaboração como solução para todos os problemas da Internet (quando isso não é verdade absoluta).
Segue abaixo o segundo comentário postado por lá:
Bom, depois do frenesi coletivo das pessoas sobre as “versões da Internet” e alguns dias passados para esfriar a cabeça, resolvi voltar e comentar sobre um outro ponto que levantei rapidamente em meu comentário: os Governos e a colaboração.
A idéia geral do conceito de Web 2.0 é apenas um marco que resume muitos dos conceitos que foram criados em todos esses anos da web. Na verdade, temos que fazer como os budistas, que dizem que primeiro você aprende algo, para depois esquecer – e é isso que temos que fazer com esse termo, esquecer que ele existiu e partir para a prática dos conceitos que vem amarrados dentro dele.
Como profissional envolvido com Internet vinculada a uma instituição de Governo, vejo que a relação dos conceitos de colaboração não são ainda uma realidade, pois não há maturidade suficiente em vários setores públicos e privados (quando declaro a imaturidade de áreas do Governo, não desmereço os esforços e realizações até o momento, assumo sim que existe muita coisa interessante e exemplar dentro da esfera pública, anos luz na frente até do que da privada). Trabalhar com o conceito de e-Democracia é algo impossível no atual ponto onde às discussões de “até onde a participação do cidadão pela Internet muda o Estado” estão; nem mesmo temos as definições oficiais de que serviços cada unidade do Estado (e quando uso essa palavra me refiro às instâncias federais, estaduais e municipais) deve fornecer para o cidadão, nem mesmo qual o nível de acessibilidade e navegabilidade que são obrigatórios por lei. Existem resoluções não regulamentadas e iniciativas isoladas que colocam resoluções externas como a do W3C, WAI e ISO em prática – a realidade do Estado é complexa e existem outras coisas na frente da tecnologia. Alguns serviços prestados são de suma relevância para o cotidiano do cidadão e podem migrar para a Internet, mas ainda há outros fatores que preocupam, tais como a educação, a inclusão social (depois com a digital) e diversos outros aspectos que atrasam esse desenvolvimento de mentalidade tecnológica.
Agora, criar núcleos que podem estar colaborando para gerar conteúdo inteligente que possam mudar as linhas de ação do estado é muito interessante. Porém, tais núcleos vivem mesmo em universidades e órgãos de gestão de tecnologia (tais como o Comitê de Gestão de Internet). A colaboração existe em esfera menor e interna, pois abrir para que o cidadão possa dar a sua opinião ou criar núcleos de ação regionais para resolver seus problemas é uma coisa que ainda não pode ser fornecida pelo Estado. Estamos em um período de amadurecimento e, parafraseando um artigo da própria Webinsider, “mais Internet convencional e menos 2.0” – para conversarmos sobre os conceitos de colaboração, é preciso que primeiros tenhamos uma estrutura realmente funcional de serviços de Internet, que eles todos estejam dentro dos padrões e normas internacionais, que todos eles estejam documentados e sejam permanentes, indo bem além dos ciclos de governo e funcionando de fato como serviços ao cidadão (existem vários exemplos de serviços das três esferas do poder público que poderiam ser citados, mas não é preciso dar nome aos bois).
Acho que é isso, pois até agora não achei um local na Internet que compartilhasse essa visão comigo e fica todo mundo falando só do “lado bonito da colaboração”.
Abraço.