31.8.06

Eu voto nulo, afinal, ninguém me representa

Por que votar nulo? Eis uma pergunta que não agüento mais responder de maneira educada, mas continuo a me esforçar, afinal, existe uma ideologia política em cima dessa atitude e um dia eu espero mostrar para as pessoas onde ela reside.
Em primeiro lugar, as pessoas devem entender as implicações do voto nulo e do voto em branco, pois são coisas completamente diferentes.
Votar nulo não significa que, caso a população em sua maioria anule seus votos, não teremos ninguém “liderando” o país e seremos uma nação sem governo. A parte divertida do voto nulo é outra: dizem por aí que se 50% mais 1 dos eleitores votarem nulo a eleição PODE ser cancelada e outra deve ser feita. Não sei até onde isso é fato, não sou advogado e o direito me deixa confuso (advogadês é um porre). Muitos advogados por aí ficam me falando que o que eu falo é besteira, mas eu vivo fuçando pela Internet para achar argumentos.
É complicado, porque um fala que anula, outro fala que não anula, mas sinceramente? Eu nem quero saber, quero só mostrar que eu sou um dos inconformados, porque é fácil apertar o branco e mandar tudo se foder!
Enquanto isso, votar em branco é passar o seu voto como uma autorização para que o cara que está quase ganhando ganhe de vez! Como assim? Os votos em branco são somados aos votos do candidato que está liderando as votações, ou seja, eles são computados para alguém – é como se falassem que as pessoas que não quiseram dar a opinião estão apoiando o que tem mais votos. Um absurdo, quando voto em branco deveria ser uma opção para quem não se achasse ou não se acha representado por nenhum candidato ou partido.
Quero é que as pessoas vejam o nulo aumentando nas eleições, pois ninguém me representa nesse país. Nenhum político me defende ou protege os meus interesses, no final eles são um bando de “lobistas” profissionais que só fazem da política sua profissão. Estou pouco me fodendo se vai anular ou não vai anular a eleição, quero mostrar é minha indignação com um sistema corrupto que não funciona, um sistema onde os “heróis de carreira”, essa gente que vive mendigando favores e trocando tapinhas hipócritas, manda e desmanda sinta que alguma coisa acontece às suas costas.
Eu não tenho que aceitar que um deputado ganhe uma premiação em dinheiro cada vez que uma lei feita por ele seja aprovada, afinal, o trabalho dele é fazer esse tipo de coisa. Se é assim eu quero um prêmio em cima do meu salário ou da minha futura aposentadoria dividindo os lucros que o país tem com suas divisas. Melhor! Quero ganhar também prêmio no final do mês por ter cumprido o meu trabalho, mas nem preciso freqüentar o ambiente de trabalho mais do que 50% do tempo – deputados faltam e ainda ganham a mais por terem leis aprovadas na Câmara.
Não quero colocar ninguém lá no poder sem que eles saibam que estamos indignados, pois não vejo luta social e nem engajamento, só dinheiro publico sendo jogado fora pra financiar os luxos de uma classe privilegiada.  Política fede! Política me enoja!
E eu vou dando minha opinião, não dando meu voto para ninguém! Prefiro que ele seja computado como errado, pois eu não acredito em promessa de político, com seus sorrisos brancos de Photoshop e ternos de 5 mil reais.
A população só vai entender o porque dessa atitude no dia em que a merda explodir, que a revolução social vier e comer a sociedade vigente pelos calcanhares e todo mundo ficar desesperado porque a massa pobre das periferias começou a engolir os ricos engravatados da Avenida Paulista. As pessoas só vão ligar para o problema da falta de educação, da pobreza, da segurança pública e outros quando a merda cair em seu quinta, só que aí, queridos, será tarde demais.
Está na hora de colocar a boca no trombone e exigir, afinal, a educação é a base para a criação de cidadãos e a só com ela a gente vai conseguir fazer a nação tupiniquim pensar de verdade, porque essa corja aí de políticos filhos da puta querem mesmo é que a gente seja um bando de ignorantes, sem cabeça ou argumentos, para que a gente não consiga reclamar e eles sacaneiem do jeito que eles querem.
Não sou escravo da vontade de ninguém, meu voto é livre e EU NÃO APOIO NINGUÉM, apoio sim a MUDANÇA e a VERDADE, coisas que não serão possíveis enquanto ainda vivermos como se os políticos engravatados fossem coronéis e nosso chefes!

Disse ontem e repito, demagogia me dá nojo!

30.8.06

Branquelo é a mãe! Um momento anti-racismo

Nesses últimos dias baixou a pomba gira do anti-racismo em mim, na verdade, baixou a indignação do anti-tudo, já que minha revolta é uma revolta solitária e por mais que esbraveje ninguém vai ver as mudanças nascendo de mim.

Porém, se eu ainda sou livre para expressar o que eu penso, vou falar, mesmo que seja lido por meia dúzia de pessoas que pensa um pouquinho e prefere largar os “fofismos” de lado para pensar sobre a realidade que as cerca.

Voltando ao assunto principal, porque prelúdios e interlúdios cansam, fico cada dia mais besta com esta história de racismo.

Outro dia passei pela banca de revistas e vi um exemplar da revista Raça, que, aliás, tem um site bem interessante que mostra o teor de seu conteúdo. Sempre achei muito legal a idéia de se fechar em nichos específicos do mercado, principalmente, os nichos “raciais”. Você pode vender muito mais coisa quando faz uma revista para um biótipo, sexo, grupo sexual, idade e afins, tal como acontece com a Capricho com seu público adolescente feminino e também com a Playboy com seu público de heteros que adoram “informação interessante” e juram que compram a revista “por causa das matérias” (Ah, tá! E todo político é honesto e cumpre as suas promessas de campanha).

Bom, só que eu parei para pensar em um universo paralelo. E se essa revista se chamasse Raça, sem por e nem tirar, mas ao invés de ter se focado no público afro-descendente (este é nome politicamente correto do que alguns chamavam de “etnia negra” ou “nação africana”) fosse focado na colônia alemã ou finlandesa? Eu tenho certeza que teriam milhares de protestos e uma gritaria danada, mesmo que o assunto fosse o mesmo e ressaltasse a cultura dos dois países, falando sobre fatos históricos e mantivesse o pessoal dessas colônias mais unidos.

E se a revista falasse sobre todos os Europeus? Algo como Raça Européia poderia ser um bom título, para vender para o público gigantesco de imigrantes vindos da Europa para o Brasil no inicio do século XX.

Seria um caos e geraria uma polêmica desmedida, tenho certeza.

O mesmo acontece com outras coisas no dia a dia! Outro dia eu passei por algo que me deixou PUTO da vida: desci do ônibus, aqui na Praça Ramos, para ir ao trabalho, no Centro de São Paulo, e fui comprar um Gatorade e uns pães de queijo para fazer meu café da manhã. O atendente da lanchonete vira, com uma intimidade não dispensada a ele, e fala:

- E aí, Alemão, o que vai ser pra hoje?

Parei e fiquei olhando pra ele, com uma tempestade em minha cabeça que variava entre indignação e raiva. Engoli o que queria falar e fiz o meu pedido.


Eu, por minha vez, pergunto aqui se fosse o contrário. Se eu fosse de etnia negra, o que o cara iria falar? “E aí, Negão, o que vai ser pra hoje?”. Se falasse isso não iria passar batido, seria preconceito! Seria racismo!

Não dei permissão para intimidades e não sou descendente de alemão, aliás, de alemão eu não tenho é nada, não sei nem falar “bom dia” ou “oi” no idioma! As únicas coisas alemãs que eu gosto estão relacionadas a música (Ramstein, Kraftverk, Funker Vogt e Wumpscut são bons exemplos – e eu nem sei se eu escrevi certo, porque tem tanto trema que eu nem sei onde coloco, mas também é pra atestar a minha não "alemolidade") e à cerveja que é boa pra caralho!

Nesse meu caso não fui ofendido? A pessoa não praticou racismo? Não invadiu meu espaço? E se a ele tivesse usado outros apelidos carinhosos que essa galera costuma usar, tais como “Branca de Neve”, “leite condensado”, “sulfite”, “branquelo” e afins? Tem mais ainda, porque ele poderia ter feito piadinhas do tipo:

Eu, usando camisa branca e uma estampa no meio, ando pela rua, a pessoa me solta:

- E aí, Alemão, bonita tatuagem!

Ou ainda:

Eu, pela rua, de bermudas:

- Opa, Branca de Neve, o que é isso? Quebrou as pernas? Ou tirou o gesso?

Sim, é engraçado, mas não está fazendo piada com a minha compleição física? Sim, está! E por que não é crime? Aí que está, É O MESMO CRIME, mas as pessoas acham que não!

Escreva em sua camiseta “100% Negro” e você estará fazendo um protesto contra o racismo e mostrando seu orgulho com relação a sua origem. Agora, escreva em sua camiseta “100% Branco” e você estará sendo racista, white power, white pride, neonazista, facista ou qualquer outra coisa que o valha, pois você não pode expressar sua opinião, mesmo que essa não seja preconceituosa de verdade.

Racismo significa, segundo o Houaiss:

racismo

? substantivo masculino

  1. conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as etnias
  2. doutrina ou sistema político fundado sobre o direito de uma raça (considerada pura e superior) de dominar outras
  3. preconceito extremado contra indivíduos pertencentes a uma raça ou etnia diferente, ger. considerada inferior
  4. Derivação: por analogia.
    atitude de hostilidade em relação a determinada categoria de pessoas

    Ex.: r. xenófob

Preconceito também tem uma acepção BEM diferente do que as pessoas estão acostumada e, segundo o mesmo Houaiss:

Preconceito

? substantivo masculino

  1. qualquer opinião ou sentimento, quer favorável quer desfavorável, concebido sem exame crítico
    1. idéia, opinião ou sentimento desfavorável formado a priori, sem maior conhecimento, ponderação ou razão
  2. atitude, sentimento ou parecer insensato, esp. de natureza hostil, assumido em conseqüência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância
    Obs.: cf. estereótipo ('padrão fixo', 'idéia ou convicção')

    Ex.: <p. contra um grupo religioso, nacional ou racial> <p. racial>
  3. conjunto de tais atitudes

    Ex.: combater o p.
  4. Rubrica: psicanálise.
    qualquer atitude étnica que preencha uma função irracional específica, para seu portador

    Ex.: p. alimentados pelo inconsciente individual

Só que tem mais, a acepção legal ainda é outra, mas não vou soltar meu advogadês por aqui, mas seria bem legal vocês verem o Código Civil ou em literatura específica sobre o tema, assim ninguém faz merda ou fala merda. Sobre o crime de racismo e preconceito, achei uma matéria bem interessante que vai esclarecer a cabeça de vocês (e acho que isso deveria ser tema de palestras em escolas).

Agora, vocês podem falar ou pensar que estou pregando algum ideal neo-nazista e afins, mas não estou. Não há propaganda alguma nesses meus textos, apenas uma indignação pela incapacidade do ser humano em compreender conceitos básicos, tal como o racismo, preconceito e discriminação.

Isso me deixa muito p* da vida, porque o povo repete feito papagaio um monte de besteira sem saber o que estão falando, defendem ideais sem saber do que se tratam e só o fazem porque acham bonito – é bonito ser engajado, é lindo agir de forma politicamente correta e é maravilhoso defender os injustiçados! Só que a merda é que só é bonita a imagem, a maioria acha bonitinho políticos beijando criancinhas ramelentas e se achar o libertador das injustiças.

Os políticos adoram falar que defendem as minorias, seja ela a galera GLBTT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transgêneros) ou os negros, como se estivessem libertando alguém de alguma coisa. Os gays se libertaram sozinhos e os negros foram libertados lá em 1888, sofreram durante um século para conseguirem se misturar a sociedade brasileira que é uma salada de fruta de etnias - hoje somos uma nação misturada, de gente com diversas raizes e tinhamos, isso sim, é que ter orgulho de sermos brasileiros, mas no fundo, a gente nem sabe o que é isso significa também!!!

Só que ninguém vê os fatos e é muito mais bonito falar “que butitinho” para uma ação babaca e racista de um político que defende interesses pessoais, porque ser a favor de cotas para negros em faculdades públicas não faz você perder voto algum, mas ser contra abre precedente para que chamem você de racista e seus votos vão voando pela janela.

Demagogia me dá nojo!

29.8.06

Cota é eufemismo para preconceito

"Oi, eu sou loirinho, tenho mais três irmãos caucasianos também e somos todos pobres. Não, não, essa corzinha levemente marrom que eu tenho não é bronzeado, é que eu durmo na terra e não tomo banho, podem perceber que a cor não é igual tom de pele, pois não é uniforme – eu tenho os dedinhos mais escuros e as pernas também (ignorem, por favor, as manchas amarelas pela pele, é anemia somada a icterícia).

Minha mãe me falou sobre a política de cotas para negros em universidades públicas. Achei super legal os ricos brancos desse país se preocuparem com isso, afinal, eles precisam garantir que os seus representantes sejam eleitos no ano que vêm. Não estou dizendo que é errado, sabe? Afinal, os brancos ricos erraram com os índios desse país e também com os negros lá da África (aliás, por lá eles continuam errando com os negros, mas é outra história). Quando trouxeram os negros para cá, escravizados e maltratados, não deram condições para que eles se desenvolvessem como gente, mas mesmo assim eles conseguiram – lutaram por anos e anos por sua liberdade e mais um tanto de outros anos para sair dos guetos, conseguir se inserir fora das margens da sociedade onde foram colocados e penetrar na mesma. Minha mãe também falou para mim que mesmo hoje algumas pessoas tratam o negro muito mal, como se ele fosse meio que bicho, mas que hoje nem é tanto o problema com o negro, mas sim com as populações das periferias. Ela disse que chamam essas pessoas de gente “parda” e até sai nos certificados militares e documentos de identidade com esse nome.

Daí eu parei para falar com meus irmãos sobre isso e concordamos que a sociedade só estava tentando reparar um erro cometido lá atrás, mas meu irmão mais novo achou que não era bem assim e apoiou aquela minha primeira idéia sobre votos, mas ele disse que quando os políticos apóiam uma minoria é para conseguir votos dela e mostrar pra sociedade que eles se preocupam com as pessoas que ninguém mais se importa.

O que eu comecei a pensar depois disso é por que eles vão dar cotas para os negros, dizendo que eles não conseguem se inserir na sociedade como o branco e não dão cotas aos pobres que não tem acesso a escola. Eu nunca fui pra uma escolinha sequer e meus irmãos também não, então isso quer dizer que se eu seu for pra uma acabarei em uma escola pública, porém, o ensino público não me permitirá ingressar em uma faculdade também pública devido a concorrência. Então por que a cota não é para pobres que estudaram em escolas públicas?

Claro que os negros são minoria na sociedade, pois negro mesmo, descendente de africano de verdade, são uma minoria no país. A população, em sua maior parte, é formada por pardos! Isso, os mulatos! Os negros são poucos, tanto quanto os descendentes diretos de italianos ou de alemães. O que acontece então com a gente que é descendente de italiano ou alemão mas é pobre? Vamos ter que esperar a nossa vez quando os políticos enxergarem que estamos sem escola ou quando a criminalidade começar a ser praticada por uma maioria de olhos claros e pele manchada pela miséria?

Eles se enganam quando atribuem ao preconceito o menor índice de negros em posições de chefia ou de salário, pois o problema não é esse! O problema, de verdade, é com relação as margens da sociedade serem compostas de uma população misturada.

Sabe por quê eu digo isso? Mamãe casou de novo faz uns anos. Casou com um japonês, que tem duas filhas com uma mulata que era de uma bateria de uma escola de samba qualquer aí. O japonês, por sua vez, tem mais um filho com minha mãe. Então, em casa, somos em sete irmãos, dois do meu novo pai, um dele e da minha mãe, mais três irmãos somados a mim. Viu? Somos sete pessoas de peles distintas, mas filhos da pobreza e a maioria de nós não irá conseguir concluir o ensino médio ou sequer chegar perto de uma faculdade.

Devido as condições sociais é capaz que muitos de nós viremos bandidos ou que não saiamos das margens ou, como acontece nos grande centros de miséria, morramos antes de completar 17 anos.

Agora, diga-me uma coisa com toda sinceridade: você acha que a cota para negros é correta? E nós, caucasianos, asiáticos e árabes pobres, como é que ficamos?


Esse texto é meu sim, eu fico completamente irritado com a visão “imediatista” do brasileiro, que se reflete na política dessa maneira covarde. Acredito sim que os negros sofreram muita discriminação e penaram horrores, mas não são eles os massacrados pela sociedade. Qualquer pessoa inserida em uma ambiente de miséria está sem a proteção do estado e não tem acesso a educação de qualidade, nem a qualquer outra condição de desenvolvimento humano, então por que escolher uma minoria para inserir em “cotas”? Isso é medida estúpida e só aqueles que se acham beneficiados por tal medida celebram – o que deve ser feito é dar condição aos que menos tem, quando, na verdade, todos deveriam ter acesso ao ensino público de qualidade!

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