Noites que são dias, dias que são noites
A vida da gente não exige explicações, de forma alguma achei que isso fosse necessário em qualquer momento da minha vida. Os meus amigos de fato não precisam ler essas linhas, pois estes me conhecem e tem a sua visão formada sobre a minha pessoa (amigos são aqueles que convivem comigo a anos, alguns nem a isso, mas já estão no meu coração, mas estou falando aqui das pessoas que estão comigo desde a minha adolescência e que sempre estarão comigo – falo das pessoas que são caras e sabem da minha índole e da maneira “samurai” quase estúpida de como eu encaro as relações, sejam profissionais, pessoais ou amorosas).
Nos últimos tempos andam acontecendo coisas bem engraçadas no meu cotidiano. Tenho um emprego que gosto, faço o que faço porque tenho vontade e sou competente o suficiente para me manter onde eu estou. Tenho as coisas da vida na medida certa, nem mais e nem menos. Não sou feito de excessos. Só que nessa minha medida de vida eu acabo por ter um problema gigantesco, que é ser aberto demais. Permito que as pessoas invadam meu espaço por tratar quem me parece “do bem” de uma maneira que quase ninguém trataria.
Quando eu gosto de alguém, seja como amigo ou o que quer que seja, gosto de verdade. Não manipulo as pessoas, apenas as trato como acho que elas devem ser tratadas. Sorrio para quem gosto e acho interessante, dou abraço e colo para quem acho que mereça. Ajudo sem questionar, mesmo que não tenha intimidade com quem precisa de ajuda. Cresci assim e sempre agi dessa maneira.
Não preciso usar sentimentos para conquistar coisas que desejo e não preciso subir em uma cadeia alimentar massacrando as pessoas a minha volta. Não preciso do glamour ou da pseudo-fama que muita gente tenta agarrar com unhas e dentes, atropelando tudo o que estiver no caminho, massacrando pessoas e sentimentos como se ambos não importassem. Não preciso dessa falsidade e nem desses sorrisos imbecis que muita gente procura. Por quê? Simples responder: porque quem busca esse tipo de coisa é infeliz. Eu não sou infeliz, porque eu sei o meu papel no meio disso tudo e estou procurando pessoas de verdade no meio da multidão plastificada.
Acho que todos esses problemas, boatos e “disse-que-me-disse” tiveram inicio em sentimentos ruins. Por isso quero deixar isso de lado. Quero energias boas, gente do bem, boas intenções e sinceridade em minha vida. Não quero usar palavras para enganar quem me rodeia. Sou sincero e sou honesto. Não minto e não engano, pois tenho ética.
Cheguei em uma palavrinha bem importante e forte agora, não? Ética. Acho que tudo isso gira em torno da discussão que falta ética no mundo em que vivemos. As pessoas são mal educadas. Digo que elas são grossas e toscas, como uma estátua de madeira mal acabada. As pessoas não conhecem o valor da palavra e do comprometimento e olham, infelizes e cinzas, para seus umbigoversos, mas mesmo assim não enxergar a sujeira que está presa lá dentro – talvez por estarem cercadas por ruído que não ouvem a sua própria consciência.
Ninguém se preocupa mais com o espaço alheio ou agir de forma honesta e certa. O mundo cria uma imagem, mas por debaixo dos panos acaba agindo de uma maneira suja e baixa. Só que o mais engraçado é que é um looping eterno, pois as sacanagens sempre ocorrem do mesmo jeito. Quem erra não recorre em seu erro, a não ser que o faça de má fé. Se você não aprende com a queda, então você está ganhando algo com isso – seja a adrenalina da queda-livre ou algo que eu não entendo.
Hoje eu estou em meu lugar. Pensei em fazer tanta besteira nestes dias, mas agora eu vejo que seria tudo inútil. Não preciso explicar nenhuma atitude que tomei, pois no fundo as pessoas vão sempre querer ter a sua própria versão dos fatos e vão distorcer tudo para que se encaixe no que elas queriam.
É, não estou sendo claro, mas vou tentar. Hoje eu pensei em publicar TODA a conversa que eu tive com alguém, durante vários meses, na Internet. Iria colocar tudo, sem cortes. Iriam constar lá desde piadas até conselhos idiotas, mas teria um material muito interessante para ser usado como “vingança”. Então eu salvei as conversas todas em um arquivo e estava pronto para colocar na rede, expondo assim a minha vida nos últimos tempos. Veio um sorriso em minha face, com o gostinho da vingança preso em sua lateral, mas logo eu respirei e minha consciência apertou o freio. O que eu ganharia com isso? Esclareceria tudo e as pessoas a minha volta iriam ver que eu não sou o vilão da história. Estava tudo armado, só que eu pensei e lá foi a famosa “ética” sussurrar que eu estava fazendo besteira.
Porque não o fiz pode até ficar pouco claro para quem está lendo isso, mas é como se eu fosse abrir um “precedente”. Por que usar o que uma pessoa disse para mim em tom de confidência só porque essa mesma pessoa não agiu de forma correta comigo? Olho por olho não é a saída para nada. Dizem por aí que “olho por olho, dente por dente – a humanidade um dia vai ficar cega e banguela”. Então quebrei o circulo. Só que, de maneira alguma, eu virei a outra face. Sei me defender. Apenas sai andando e vou pro meu cantinho.
Vou continuar fazendo o que eu faço e gastando o meu dinheiro, que ganho de forma honesta e limpa. Não faço nada ilegal ou imoral para me sustentar, nem mesmo atropelo pessoas. Pelo contrário, trabalho na melhor das intenções, mesmo que o meu trabalho não seja utilizado para o fim que o destino. E trabalho é tudo, desde dedicação pessoal até a vida profissional.
Só preciso de duas coisas nessa vida e nenhuma delas é maior do que o que tenho hoje. Tudo o que mais anseio está em meus braços, aprendi com minha educação, mesmo que isso pareça uma visão “simplória”, que a gente só deve levar nos braços o que conseguimos carregar – a vida nos dá o suficiente, em todos os sentidos. Não há dor maior do que aguentemos e nem dádiva que possamos levar com todas as outras sem pagar um preço por isso. Tenho meu coração preenchido, minha mente funcionando e um futuro pela frente. Preciso de mais? Não, nem menos.
Disseram (ou escreveram na Internet, como queiram), referindo-se a mim, a seguinte frase:
“É MAIS FACIL OUVIR CERTA PESSOINHA POBRE E QUE QUER CRESCER”
Pobreza não significa dinheiro. A pior pobreza é aquela que reside na alma e no espírito, pois essa gera um vazio que não pode ser preenchido. Não adianta o volume de drogas que você use, as noites todas de sexo que você tenha, as falsas amizades que cultive ou qualquer coisa que deseje colocar lá para preencher aquele vácuo, a sua pobreza de espírito vai engolir tudo. No final, você estará lá, sozinho e deprimido.
Eu não sou pobre assim. Tenho mais em mim do que no mundo que me cerca e amo cada centímetro da terra que possuo, mas ela é maior do que os seus olhos, ela é do tamanho que só eu sei – e quem me é caro.
Só sei que no final das contas eu morrerei sozinho, pois essa é uma estrada que só eu posso trilhar, mas até eu chegar em sua entrada, estarei acompanhado de riqueza explêndida, dada a mim pelas pessoas fantásticas que eu amo e que me amam em troca. Podem ter certeza, meus caros, que essas pessoas não encontro em um balcão de bar todos os dias da semana quando eu saio, essas pessoas estão me esperando em casa, com seus problemas e suas fidas nas costas, prontas a emprestar um pouco de seu peso, seja do fardo bom ou do ruim, para eu carregar. E eu aceito de bom grado, pois compartilhar isso é viver.
Eu cresço todos os dias e não preciso escalar, pois o crescimento como ser é lento, demorado, dolorido e proporcionalmente duradouro. Não pulo etapas e não quero estar no topo da montanha quando isso significa escalar por cima das pessoas que estão fazendo a mesma jornada. Quero crescer com quem me rodeia, afinal, cultivar amizades é dificil, mas ajudar a cultivar vidas é algo que poucas pessoas vão entender e, infelizmente, acredito piamente que a pessoa que fez essa frase não sabe nem mesmo que é vida, mesmo que se ache sábi
Então não teremos bafon nenhum mais. Parei. Quem quiser conversar comigo e saber de fato o que aconteceu só o saberá se estiver envolvido diretamente no assunto. Foi um ponto final nessa história. Se as pessoas que se magoaram quiserem esclarecer alguma coisa que ouviram por aí, bem, estou aqui para isso. Só que eu ainda gostaria de colocar um ponto final nisso tudo de uma maneira correta – só que eu não quero nenhuma das pessoas que “foderam” com tudo em minha vida. A gente resolve as coisas e elas voltam para o lugar que elas tomam do mundo. Já eu, vou voltando para o meu cantinho para viver a minha vida, afinal, ela já é difícil sem gente velha, frustrada e que precisa ser o centro do universo.