1.7.05

A frase do dia é:

"... o que pega é Pica-Pau e Trem da Alegria"
- by Marcus


Tem coisas que só o trabalho e papos aleatórios fazem por você.

:P

30.6.05

Outro dia eu falei que a música "Longe do meu lado" do Legião Urbana tinha muito de ligação com a minha realidade. Estava certo quando o disse, pois não queria mesmo estar apaixonado.

A letra vai abaixo, depois falo sobre:

Longe do Meu Lado

(Letra: Renato Russo
Música: Marcelo Bonfá)

Se a paixão fosse realmente um bálsamo
O mundo não pareceria tão equivocado
Te dou carinho, respeito e um afago
Mas entenda, eu não estou apaixonado

A paixão já passou em minha vida
Foi até bom mas ao final deu tudo errado
E agora carrego em mim
Uma dor triste, um coração cicatrizado

E olha que tentei o meu caminho
Mas tudo agora é coisa do passado
Quero respeito e sempre ter alguém
Que me entenda e sempre fique ao meu lado
Mas não, não quero estar apaixonado.

A paixão quer sangue e corações arruinados
E saudade é só mágoa por ter sido
Feito tanto estrago
E essa escravidão e essa dor
Não quero mais

Quando acreditei que tudo era um fato consumado
Veio a foice e jogou-te longe
Longe do meu lado

Não estou mais pronto para lágrimas
Podemos ficar juntos
E vivermos o futuro, não o passado
Veja o nosso mundo

Eu também sei que dizem
Que não existe amor errado
Mas entenda, não quero estar apaixonado.


Sei que essa música é muito verdadeira. Não dúvido que quando você está apaixonado você abre brechas para machucados enormes e coisas ruins, mas é tão bom a inconsequência pré-adolescente que isso causa, principalmente em espíritos como esse aqui, que são intensos e vivem buscando lâmpadas para circundar. Sim, eu sou uma mariposa, vivo voando em volta do que tem brilho e buscando um lugar para estar aquecido, mesmo que as minhas asas se chamusquem às vezes.

A uns meses atrás (ou semanas?) eu vivia falando "Mas entenda, não quero estar apaixonado". Mudou tudo! Mudou tudo mesmo. Meu mundo está virado ao avesso. Sabe o que é mais interessante? Eu não ligo pro amanhã. Aprendi a mandar tudo se foder, do jeito estranho que eu conheço e que me assusta, afinal, eu vivia assim quando dizia "... não quero estar apaixonado". Agora vivo como um adolescente idiota, intensificando meu peito, vivendo feito gente grande mas pulando pelos cantos como se tivesse 16 anos.

Só que não tenho 16. Tenho 25. A idade não importa muito, o que aconteceu é que regredi bem além da adolescência. "Sou criança e não conheço a verdade", como diria Cássia Eler, mas prefiro adaptar e dizer "sou criança e ignoro de propósito a verdade".

Os ignorantes são felizes, meus amigos, prefiro estar entre eles a manter essa cara azeda de quem diz saber demais. Aceitem o conselho da natureza e da Lisa Simpson: "quanto mais você sabe mais infeliz se é".

É, hoje eu não sei de nada e nem quero saber. Só sinto.

29.6.05

Sinfonia de Nadas - só uma verborragia pro ou por acaso (a preposição pouco importa).

Alergia maldita que não me deixa dormir. São 01h29 da madrugada de terça-feira e eu aqui, parado na frente do PC, com um disquete para salvar a informação porque eu não estou com acesso a Internet em casa. A televisão ligada às minhas costas, passando “Sexy and The City” e a minha amiga (e roomate) deitada no sofá assistindo. A voz da Sarah Jéssica Parker (?) ao fundo e aquele melodrama de uma cidade enorme, com uma fauna sexual vasta e todos aqueles problemas de relacionamento que chegam até a dar no saco.

Queria poder dormir, mas a soma de rinite, asma e euforia está me deixando agitado. Nem o rádio consegue me colocar pra desmaiar, nem a vontade de sonhar e acordar amanhã para que o amanhã venha mais ligeiro. Sou feito de agoras (ainda vou patentear essa frase), mas queria tanto um amanhã, uma leve acelerada nos dias e nos meses, para que alguns objetivos se tornassem concretos.

Hoje eu tenho metas, não sonhos, e isso me assusta de uma forma nova. Nunca na minha vida me senti tão “adulto” e estou olhando para mim e vendo que cheguei em um ponto que é preciso começar a colocar as decisões passadas para valer. Agora faz sentido seguir adiante com uma postura mais responsável, mesmo que a minha vida seja feita de um glamour que a maioria das pessoas não consegue entender. Eu vivo na urgência, quero tirar o máximo proveito de todos os instantes que eu tenho, não quero perder nada e até mesmo o que é ruim acaba sendo do meu agrado.

Não me levo para baixo, mas quando vou em direção ao que é ruim vou com o mesmo anseio de quando vou em direção a algo bom. Abraço o Paraíso e o Inferno com a mesma força, não tenho que me livrar do que me é amargo só porque é do feitio da maioria o fazer. Prefiro tirar uma lição de tudo e hoje eu tiro leite das vacas gordas. Posso não ter tudo o que eu quero, ser tudo o que eu desejo e estar onde eu penso que poderia estar, mas agora tudo tem um encaixe diferente e a máquina gira suas engrenagens em direção de um caminho mais aprazível.

Estou vivo. Sinto o corpo pulsando e tudo o que guardo em minha mente já não importa muito, nem o lugar onde deve estar cada imagem. Não julgo mais fantasia ou realidade, apenas vivencio o que as duas me dão de melhor. Fantasio na realidade e realizo na fantasia, tudo é medido de um forma praticamente maníaca - tenho a compulsão de inserir-me nesse contexto, não sei porque diabos.

Então, descubro-me uma pessoa nova, mas não inédita. Sou a repetição de tantas coisas que me cercam que acabo sendo uma colcha de retalhos de impressões capturadas por minha alma. Sou raso e profundo, sou Gita do Raul Seixas mas sou também Sex Bombdo Tom Jones. Sou uma música do Placebo mas acabo tendo muito mais cara de Legião Urbana. Sou um amontoado de cifras mesmo que eu não saiba nem tocar Do Ré Mi no violão. Sou incompreensível para mim mesmo e não me imagino compreendido por ninguém.

Só que eu encontrei o meu lugar, mas desejaria agora estar naquele “local mágico onde os sonhos nascem”, pra lá da Terra do Nunca, mas não deitado do lado do Michael. Preferia ser Michael, mas não o Jackson; gostaria de ser o Michaeldaquela música do Franz Ferdinand, “a beautifull boy in a beatifull danceflor”. E não sou? Posso não ser um rapaz bonito, mas vivo em uma pista de dança, mesmo que não seja em nenhuma casa noturna, em um club.

Vivo em meu bailado por todos os lados. Pulo para onde a música pede que eu pule. Desvio das bitucas de cigarro e dos copos que derramam a bebida em minha direção. Salto por entre os corpos, navego por entre o suor, a fumaça e a luz estroboscópica. Danço, danço e danço. Meu bailado pode não ter a graça que eu gostaria, mas sóbrio eu continuo sendo eu mesmo - ébrio eu sou eu mesmo ao quadrado.

Enquanto eu me procuro não me acho, mas quando olho para o lado é que eu me enxergo. Estou lá, refletido em dois olhos castanhos, em um mar de paixão distorcida num reflexo de um olhar. Estou fitando o que eu desejo, mas não é o meu reflexo no mar marrom que vejo no horizonte. Sou sugado pelo maëlstrom que vaguei por minha mente, um redemoinho castanho que me leva ao fundo.

E entendo as palavras do Renato Russo, mesmo que nunca essa música maldita me venha a mente além do agora (e os agoras me vem sempre, paradoxalmente sobrepostos): “é preciso amar / as pessoas como se não houvesse amanhã / porque se você parar pra pensar / na verdade não há”.

Martela esse refrãozinho em minha mente, somado a tantas outras letras da minha aborrecência, talvez por eu ter ouvido Legião Urbana demais e Engenheiros do Hawaí de menos - ou seria o contrário? Não, minha infância foi repleta de Elis Regina, Roberto Carlos, Belquior, Chico Buarque, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila e Benito de Paula, mas também eu tive as minhas diversões em Balão Mágico, Três Patinhos, Menudo, Dominó, Polegar, Titãs, Iron Maiden, Plebe Rude, Guns’n’Roses e mais um apanhado de nomes. Só que eu não entendo porque diabos algumas letras se fixaram tanto, mesmo quando eu cantava erroneamente “homem que mata, capitalismo selvagem”.

Antes eu era um ridículo assumido, oitentista, filho da década do mau gosto (o pior é que o mau gosto voltou e agora é hype, como diz um amigo meu: “quando as ombreiras voltarem à moda será o último sinal do Apocalipse!” Sic), senhor das idéias ruins que tinham todo aquele ar místico de genialidade.

Hoje sou um ridículo disfarçado, com pés-de-galinha brotando nas laterais do rosto e olheiras fundas de não dormir direito.

Hoje sou um ridículo disfarçado de inteligente, herança dos publicitários que nasceram junto comigo (ô, profissão de merda - minha mãe sabe do que eu estou falando), talvez por ser incompetente e não conseguir ser ridículo de verdade. Prefiro os tapas na cara do que os tapinhas idiotas dados nas costas que vem no pacote, amarrados com os sorrisos amarelos e os compreendos paraguaios.

Vou continuar sendo esse babaca e ficar cantando Legião Urbana por todos os cantos, porque hoje, talvez pela visão puxada dos pés-de-galinha, eu entenda os meus pais e saiba que o Belquior tinha razão (mas pelo amor de Deus, cantado pela Elis).

No final das contas, dessa viagem insólita entre a minha mente desperta quando era para estar dormente ainda, sobrevive alguma lucidez sincera, perdida em meio a tanta genialidade hipócrita: a imagem de um rosto que eu queria agora ao meu lado e não gostaria de que saísse daqui jamais.

Agora eu volto pra cama, mas vou sozinho. Meu colchão de solteiro nem é tão solteiro assim, mas ainda falta muito para eu estar onde eu queria de verdade.

Um dia eu ainda vou ter carro, casa, gata chamada Cleópatra, cachorro chamado César e um periquito chamado Esperança. Um dia eu terei você ao meu lado, passeando pelo parque de mãos dadas e olhando saudoso para as balanças.


28/6/2005 01:57:24
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Sim, o texto foi escrito na terça e eu estou publicando hoje. Pobreza é foda, o disquete tinha dado pau e eu só consegui fazer essa meleca agora.

28.6.05

Eu que sou burro ou o mundo é feito de gênios?

Leiam isso aqui.

Juro, juro que não consigo fazer isso entrar na minha cabeça. Falta ácido, falta cérebro ou faltam mais algumas 24 horas sem dormir - 48 horas direto não são o suficiente para permitir que eu goste de algo assim.

Jesus está chegando e ele veste kilt. Quero uísque, cama e um abraço teu.

27.6.05

Estou feliz. Sim, eu estou feliz e vou proferir isso pra todos os lados, como sempre. Uma pessoa muito querida me disse certa vez que eu deveria guardar a minha felicidade em um pacote e deixar ela apenas transparecer para quem é mais intimo, pois as pessoas tem o péssimo hábito de invejar a felicidade alheia e de jogar caô. Acredito até que ela tenha razão nesse ponto, pois a maioria das pessoas não consegue ficar feliz pela realização alheia e logo a invejinha começa a escorrer em forma de veneno pelas presas das pessoas que lhe cercam.

Só que eu acredito também que você deve ser transparente. Tenho um escudo “anti-caô”, mesmo! Além disso, quando eu estou triste eu divido isso em forma de textos, quando estou confuso coloco isso aqui, então, quando eu estiver feliz devo ficar calado? Devo deixar de festejar quando as coisas dão certo? Devo amargar o que é doce e não aproveitar enquanto as energias estão sendo renovadas? Creio que não. Sei que tem muita gente mal intencionada que não quer o bem alheio, mas eu não sou assim e não vou me dar ao luxo de ser como essas pessoas – fico de fato feliz quando pessoas queridas estão felizes e torço todos os dias para que os amigos e entes queridos tenham tudo o que merecem.

Por isso eu festejo, porque quero sentir o gosto doce e dividir com as pessoas que eu amo. Meu coração é grande e vai continuar sendo assim, podem jogar os dardos, seres mal intencionados, pois o que me importa são as pessoas que eu amo e que me são caras. Festejo junto com quem eu amo e vou continuar a fazê-lo mesmo que isso abra caminho para aqueles que não me querem bem, mas o que importa é que estou bem e isso é fantástico.

Hoje o céu amanheceu cinza, mas era tão bonito olhar para cima e ver as nuvens andando, mudando. As ruas estavam movimentadas, as pessoas presas em seus mundos e eu sorrindo feito um idiota. Estou feliz. Sim, estou feliz e realizado. Tenho pessoas fantásticas em minha vida, pessoas lindas em meu caminho, meu trabalho me realiza como pessoa e tenho alguém que está pronto a me receber de braços abertos – então eu me jogo, solto-me das amarras e vou em direção absurdamente perigosa rumo ao penhasco, só que eu sei que tem alguém lá para me aparar e que o caminho será um vôo fantástico, mágico e inesquecível. No final encontrarei os braços de quem quer me receber e os meus estarão abertos desse lado do penhasco para que essa pessoa pule também.

Estou feliz e que se foda o resto todo. A vida muda, os sonhos vem e hoje eu me sinto em um lugar melhor. E amo estar onde eu estou, com quem eu estou, do jeito que estou!

Desafios sempre vem, mas dessa vez a Roda da Fortuna está no caminho das pedras ao lado de um lago lindo, a lua reflete em sua superficie e as estrelas cintilam multiplicadas pelos vagalumes que roçam perto d'água. O caminho continua sendo árduo e a labuta dura, mas tudo é bonito a minha volta. Respiro, apaixonado pelo que eu seguro: quero manter isso em minhas mãos, porém, não seguro o que tenho aqui como se isso devesse permanecer entre meus dedos – permito que essa coisa que me é cara voe como uma borboleta e pouse novamente em meus dedos, pois o que é livre deve permanecer neste estado para que mantenha o seu brilho natural. Não toso a liberdade por ser apaixonado por ela e por acreditar que tudo o que é natural é mais belo, é mais limpo e vivo.

Tudo o que importa agora é que estou feliz. E essa felicidade vai continuar pulsando, enquanto meus pulsos estiverem aqui, com o sangue correndo e a vida mudando, afinal, todos os dias eu envelheço e em todos eles eu mudo, por isso, quero manter-me intenso até o final, intenso nos lábios de quem amo e nos ideias que prego – sou vivo em minhas idéias e mantenho-me firme no que eu sinto, mas somente quando aquilo que zelo aceita-me de braços abertos.

Sou intenso, mas sou fluídico – se as comportas estiverem fechadas, então me represo!