25.7.08

Um pouco sobre os crentes, bichas, árabes e a mídia

Recebi um texto de um amigo que falava sobre a cegueira que as pessoas tem com relação às notícias do dia-a-dia. Não vou reproduzi-lo aqui na integra porque o importante não é o texto dele, mas a idéia geral.

Calma, deixe-me explicar: as pessoas dizem que estamos cegos, que o mundo está acabando, que estamos sendo manipulados e um tanto de outras coisas mais. Não é mentira que estamos cegos e que estamos sendo manipulados, mas não é o final dos tempos e as vítimas não são os Cristãos ou pais de família: o problema é geral e todos sofrem, se a maioria a nossa volta é Cristã, então essa maioria sofrerá, se a maioria é de pessoas heterossexuais é essa parcela que será mais afetada. E assim por diante.

As notícias de guerra, intolerância religiosa e outras mais saem na grande mídia sim, mas é tudo abafado pelo pão e circo – assim como os escândalos estão sendo abafados com notícias como "Inflação é menor do que o esperado", "Dólar fecha em menor valor desde 1999" e "Desemprego tem menor número desde 2001". Por aí vai o trem, ou você acha mesmo que as Olímpiadas na China são realmente o maior problema do mundo? Que o governo chinês é um monstro e que o resto do mundo é um ótimo lugar pra se viver? Que o Tibet é o único país massacrado por um invasor externo?

O problema não é se o cara é Cristão ou Islâmico, se é homo ou hetero, se é negro ou asiático... o que temos que discutir é igualdade dos povos e das pessoas pelo mesmo parâmetro. Não existe alguém mais ou menos certo, existem pontos de vista que devem ser respeitados.

E a recíproca deve ser verdadeira sim: se matam cristãos em países islâmicos, que o islamismo seja visto com maus olhos em países católicos, mas não que queimemos todos os islâmicos. Porém, se os países vivem no preceito do dito iluminismo ou tríade francesa (liberdade, fraternidade e igualdade) então isso deve ser levado em consideração.

O problema é que o mundo tende a seguir as modas ditadas por uma minoria que tem poder (leia-se aqui dinheiro) para decidir pela maioria - e a massa de manobra segue atrás com seus protestos e falácias vazias.

Não existem cotas para negros, as cotas devem ser para pessoas desfavorecidas economica e socialmente (o famoso dá "escola de qualidade pros pobres, Presidente mané"). Também não existe agressão homofóbica endêmica ou epidêmica, o que existe é agressão gratuita por não se aceitarem as diferenças - homossexuais sofrem com isso, religiosos de seitas ou cultos menores também levam a sua cota de intolerância, pessoas com cabelo ou roupa diferente.

O problema não é falta de Deus ou de Jesus no coração das pessoas, é falta de cultura, estudo e preocupação em ensinar o bom convívio. Precisamos de cidadania, criar uma cultura de paz, de igualdade real e de tolerância. Precisamos aprender e ensinar aos nosso amigos, filhos e familiares que devemos tolerar as diferenças dos outros para que as pessoas possam tolerar as nossas.

Soando repetitivo nesse argumento, que já usei antes por aqui, as pessoas vivem levantando todos os livros, capítulos e versículos do Velho Testamento, mas esquecem de citar as partes pra lá de importantes do Novo. Valores como "não faça com os outros o que não quer que seja com você" ou "ama teu próximo como a ti mesmo" são esquecidos. Se essas duas frases fossem aplicadas, não teríamos quase que problema algum. São menos de 50 palavras que resumem todos os livros sagrados do mundo, mas todos ignorados - afinal, quem é que ia para um culto para sentir paz interior se é melhor entrar em guerra com tudo e ganhar seu "espaço no Céu" (com ou sem as 40 virgens).

Enquanto apontamos os criminosos sociais, lá estão os neo-nazistas alemães ameaçando as pessoas que falam contra o facismo ou a extrema direita. Por aqui as coisas não estão diferentes, não existe liberdade de ser, mas sim os modelos que devem ser seguidos. Logo mais estão queimando pessoas na rua por sua opção sexual (e não por uma conduta de fato criminosa) ou crucificando religiosos por heresia contra os dogmas pré-estabelecidos pela região oficial.

Sinceramente? Depois de escrever isso tudo, o que eu penso MESMO é que a humanidade tem que seguir esse caminho mesmo e, que de preferência, se exploda de uma maneira bem rápida deixando a Terra sem nenhum filho da puta da raça humana - a gente estragou o que era legal e ainda fica gozando em cima das cinzas de um mundo que já foi bem melhor.

Se ainda fossemos um grupo que buscasse o equilíbrio e se pudéssemos adicionar algo ao universo eu até insistiria em nossa perpetuação, mas garanto pra vocês que se a gente conseguisse se espalhar por aí, faríamos do universo um grande lixão igual fizemos com o nosso planetinha hoje-não-tão-azul.

É isso. Fiquei puto. Vou tomar água antes que ela fique cara.

P.S.: E você acha que esse título merece um processo? Eu acho que sim. Se tivesse escrito outros apelidinhos legais lá é capaz até que me linchassem na rua. O título é uma ironia em como a maioria trata as ditas minorias. Se a gente chamar um católico de “rato de igreja” ele ficará puto da cara e falará em ofensa. Se você chamar um hetero de macho é capaz dele ficar ofendido (a maioria adora, nem liga). Rótulos deviam ser proibidos, mas infelizmente a ser humano é uma criatura que precisa de ícones e símbolos para representar suas idéias.