Clonaram tanto que os clones desbotaram
Bom, eu tinha postado isso na sexta-feira, mas por alguma situação insólita e mística o texto simplesmente desapareceu, acredito piamente que tenham zoado o BD do site, mas prefiro achar que foi cagada mesmo do pessoal do Blogger.com, mas eu sou prevenido, salvo tudo em texto antes de postar... lá vai de novo!
Isso mesmo, é um bom título para descrever o que eu vejo por aí a um ano e lá vai porrada (quase dois). Desde que comecei a trabalhar aqui em São Paulo e, por conseqüência, mudei-me pra cá, vou passear uma vez por semana pelo menos na tal da Galeria do Rock. Neste período vi o pessoal de preto e os cabeludos sendo substituídos cada dia mais por miniaturas indie, mas achei que era apenas uma tendência daquela temporada. Só que os mini-indies viraram monstrinhos piores e, tal como os Gremlins, se reproduziram (acho que deram banho nos mini-indies e, tal qual os hippies acabaram se espalhando rapidamente – viu, descobriram porque os hippies não tomavam banho, era controle de natalidade). Depois da explosão eles mudaram de nome, não eram mais iguais ao Gizmo, mas sim criaturas totalmente deformadas de seu padrão original – viraram amalgamas mal montadas e rebatizadas de emo (esta é uma definição madura sobre, mas a febre emo se explica de uma forma mais bizarra, mas eu perdi o link quando "perdi" o último post).
Como eu cheguei a essa conclusão? Não é maldade, mas existem motivos fúteis e motivos mais sérios que me irritam. Vamos primeiro aos fúteis, que são mais engraçados.
Existem três condições que dizem quando uma pessoa não deve se maquiar:
- Se você não sabe, não faça.
Maquiagem mal feita é a coisa mais hedionda da face da terra. Treine em casa, fique limpando, mexendo com manuais, testando cores, formas e vá evoluindo. Só depois de ter certeza que o resultado está “bem acabado” é que você pode sair desfilar – se você tem mais grana, pague um curso de auto-maquiagem, não é tão caro e vai salvar você de vexames. Não concordam? Oras, falta de noção é foda, ou você acha que usar lápis preto como sombra, Minancora como base e pó e pintar a boca como uma puta (misturado com o mal gosto para se vestir esse crime fica ainda pior); - Hora certa, momento oportuno.
Isso quer dizer ter um pouco de noção de quando usar o quê. Está certo que alguns visuais ficam legais para chocar e tudo o mais, mas exagerar acaba fazendo merda. Não há porque usar uma maquiagem super pesada durante o dia, a luz acaba fodendo tudo e os excessos acabam agindo contra você. Use um tipo de maquiagem em cada horário, senão você vai ficar parecendo um figurante de algum filme de zumbi da década de 60 ou 70, mas pode ser pior, você pode parecer um vampiro dos filmes de terror dos ANOS OITENTA!!! Não há pior gosto do que este!!!!!! - Tipo de pele.
Alguns tipos de pele não permitem que você use qualquer base. Não, não é algo discreto e que precisa de um profundo conhecimento cosmético, é algo que você vê na cara. Adolescentes tem espinhas e muito deles tem a pele perfurada por elas (formam até aqueles quelóides); nestas condições é melhor não aplicar base em cima, nem pó, nem nada. Utilize produtos específicos. Se você tem a pele morena, não queira ficar branco ou vice-versa, não dá! Caso contrário você vai ter que maquiar o resto do corpo todo que fica a mostra. Não queira parecer um defunto se você é moreno de nascença ou por conta da piscina do final de semana, assuma sua tropicalidade e componha um visual com isso – não é pintando a cara de branco que você vai ficar mais “bonito”, vai é ficar parecendo o Bozo, caralho!!!
Agora vamos aos motivos mais sérios, estes eu nem vou numerar, vou só discorrer sobre.
Vocês já viram o volume de informação disparada por um único individuo desses ditos “emos” ou seja-lá-que-nome-queiram se dar? Poxa, é uma poluição visual que deixaria pirado qualquer estudante de semiótica. É coisa meiga misturada com trasheira, é colorido com meia arrastão, maquiagem preta e pesada misturada com roupa mais pesada ainda, franjas lambidas, cabelos arrepiados como punks, símbolos que representam a anarquia, símbolos que representam o metal, símbolos que contestam a política, contas que remetem e cabelos coloridos remetem ao anime, etc. Você fica praticamente com dor de cabeça. É uma invasão assustadora aos olhos que deixa qualquer um com a menor sensibilidade estética com os pelos da nuca arrepiados. É legal ousar, mas peraí, é o mesmo da maquiagem. Acho que adolescentes deveriam ir todos para uma ilha e voltarem só quando fossem adultos, talvez uma tatuagem devesse ser feita nos bebês como: “produto seguro até os 12 anos e após os 19, cuidado com o período não compreendido”.
Literatura agora é a outra coisa que pesa!!!! As pessoas não sabem escrever o próprio nome direito e nem uma redação simples mas ficam soltando pelo seu internetês que lêem Admirável Mundo Novo – falam do livro cheio dos seus voxes naum viram k legauuu k foi, o brad pittty tava xuper foufo nu fiume, afeee, o que sacrifica a coerência da informação processada. Realmente, é um livro muito bom, do caralho, amo e está na lista dos livros que mudaram a minha vida. Só que ele sozinho perde a sua essência. Este livro é pra ser lido junto com Júlio Verne e também com o 1984 do George Orwell; é pra ser acompanhado com outras mídias, como a idéia de Metropolis e todo aquele espírito do expressionismo alemão do cinema. Mas sabem o porquê de “Admirável...” estar na lista dos livrinhos mais falados entre a molecadinha que freqüenta a galeria? Por conta da Pitty! Tá, ela tem uma letras legais e tudo o mais, mas porra, não é por conta do “Admirável Chip Novo” que eu vou absorver um conhecimento – não é pra gostar mais da banda e falar “eu sei de onde veio a influência”. Ler é absorver conhecimento e não dar argumentos para você ser melhor do que outra pessoa. Seu gosto musical não vai ser melhor do que o outro por conta de conhecer as influências, apenas a sua percepção das coisas vai ser diferente se você utilizar a informação para processar o mundo ao seu redor. O que ocorre é o contrário, absorve-se o mundo processado e mastigado – a mensagem se perde, a vida se perde e acaba todo mundo caindo no refrão que a própria Pitty fala “nada é orgânico, tudo é programado”. Arghs!!!!
E isso não acontece só com a literatura, vai também acontecer com a música! É de enlouquecer o levante desses monstrinhos. Só rezo para que uma outra moda venha, estou com saudade da “moda clubber”, quando eles só pentelhavam a Galeria Ouro Fino e estavam lacrados em raves!!!! Aliás, os emos são tão sem noção quanto os clubbers, isso me faz acreditar piamente que o problema está de fato nos adolescentes.
Quando meus filhos fizerem 12 anos irão todos fazer intercâmbio, assim estarei a salvo. Preciso concordar com a Turma do Bairro, os adolescentes fazem parte da tropa de elite do mal.