O chão está partido!
O gado ferido não tem para onde seguir.
A terra seca murcha
A relva e turva os anos de escasso plantio.
Procura-se a culpa.
Dá-se o nome ao diabo que melhor lhe convir:
Belzebu, Carnegão ou Satanás?
Cachaça, viola ou Mariana?
Não importa o nome, mas o que ele faz.
Desfazem-se os anos,
Os laços
E as malas dos mascates.
Desfazem-se os anos
E os passos
Dados em direção comum.
Sobra-se a seca e a culpa,
A sede e o culpado.
Sombra-se o passado,
Oculto nos erros e errados.
Sóbrio é se, com tudo isso,
O peão sabe sua reza
Ao santo pelo que se preza
No momento do Juízo Diário.
Sua terra lhe pertence,
Mesmo seca e amaldiçoada pelo diabo.
Abraça seu chão chão e ama seu zelo.
Só o que é seu de verdade
Está além da vaidade e do medo.
Depois da seca, vem a tempestade
- e depois dela, o plantio.
Eu, em 13.10.2009 às 7h00 da manhã em viagem.