Acho fantástico a apropriação de um costume nada ligado a nossa cultura raiz como é o que ocorre com o tal do Rélouiem. Incrível como absorvemos esse pseudo-feriado de forma tão natural. Os norte-americanos festejam essa porcaria de feriado com outro significado, baseado em seu folclore local que varia de lendas irlandesas (nem eles assume isso de fato). A lenda daquele famoso “cara com cabeça de abóbora”, o tal Jack’O Lantern, vem de uma lenda irlandesa igualzinha, só que o tal do Jack colocava um outro vegetal no lugar da abóbora do tipo moranga na cabeça.
Mesmo sabendo que a variação do referido feriado vem de alterações no decorrer dos séculos do Dia de Todos os Santos, somado a cultura céltica que festejava o Ano Novo druída nesta mesma época. Estes fatores coincidentes criaram então a soma do Dia de Finados (dia posterior ao Dia de Todos os Santos) e o ano novo dos celtas. Essa idéia somou então o paganismo ao cristianismo, uma das combinações mais comuns em todo o mundo (a crença católica sempre se soma a outras religiões e criaram-se diversas variações do cristianismo devido a isso - vide a própria soma Candomblé e Catolicismo).
Os brasileiros se apropriam dessa cultura devido a um esforço da industria de guloseimas e afins para conquistar mais um nicho dentro do mercado nacional, já que o já não tão famoso Dia de São Cosme e Damião não cumprem seu papel.
Dentro da crença católica apostólica romana (pra quem não sabe, o Brasil é o maior país católico apostólico romano do mundo – pois essa é a religião oficial no país) a morte sempre esteve ligada a austeridade e não às festas. A idéia do Halloween sempre foi a de um dia “negro”, transformada pelos “americanos viciados em feriados pra vender coisas” para socar doce na criançada.
O dia 31 não existe em nossa cultura, mas para o folclore norte-americano está ligado intimamente ao dia dos mortos. Várias culturas celebram seus mortos de maneira distintas, tais como os celtas que bebiam e faziam festas de Samain e os mexicanos que festejam seus mortos com festas alegres e muita bebida.
No Brasil, festejamos o nosso próprio dia para os mortos, o tal do Dia de Finados. Neste dia os ritos são bem distintos, pois, de acordo com a fé cristã, ninguém deve celebrar os mortos, somente Cristo. Só que tem um monte de lacunas aí que permite a “memória dos que já foram”.
Pessoalmente eu nem festejo o Dia de Finados e nem sou católico praticante, oficialmente eu não tenho religião e sou uma salada de frutas no quesito "mistura de crenças", mas nem por isso deixo essas bobeiras passarem - fico reparando no que me rodeia.
O grande problema é que nos rendemos, mais uma vez, e perdemos a soberania cultural. As festas do nacionalizado “Dia das Bruxas” continuam por aí e a gente vai perdendo um pouco mais da nossa própria identidade cultural, absorvendo a tal da liberdade americana e daquela merda de pensamento de “eles querem que paremos de voar e comprar”.
O povo gosta mesmo é de pão e circo – e quanto mais gordo o pão, mesmo que sem miolo, ou mais bonita a roupa do palhaço, menor é a reação da platéia para a verdade que está fora da tenda.