23.11.09
Metamorfase
E reparei em todas as formas quase-tortas:
Tudo era tão diferente do jardim
Que havia a séculos em minha memória.
Tão incomodo como uma pedra no rim,
Extirpei pelos olhos uma lágrima morna.
Não houve retorno,
As formas turvas ficaram mudas.
Não houve transtorno,
As mortas reações eram absolutas.
Em vão aqueci o morno
Leite que escorria a rodo
Da Liberdade Ressacada
E virtualizada em estátua.
Não encontrei resposta,
A banca retirou as apostas.
A droga em suas veias efeito fazia,
Suas crisálidas agora eram cascas vazias.
As borboletas estavam mortas.
O som não se propaga no vácuo.
O limite da irrelevância
Existem dois momentos na vida da gente: quando aceitamos e quando reagimos.
Aceitar a derrota é uma coisa, precede a tempestade e antecede a mudança real. Reagir precede a compreensão das coisas e antecede o novo.
São dois momentos muito ligados, não dá pra saber de fato quando estamos em um deles, mas o fato é que identificamos mais a aceitação como reação do que realizar de verdade mudanças essenciais. Somos vulneráveis a isso, podemos até chamar de comodismo natural, mas acho fraco demais botar a culpa em variáveis inexoráveis quando na verdade é falta de vergonha na cara e força de vontade mesmo.
Comecei uma mudança faz mais de meses, que ainda não se concretizou de fato. Ela trabalha todos os dias na minha cabeça e funciona de uma forma destruidora quando passo um tempo sozinho comigo mesmo. Ela devora-me por dentro, destrói muito dos dogmas que levantei e, principalmente, coloca por terra coisas construídas nesses 5 anos que achei que eram reais.
Paradigmas, quando caem por terra, nunca são muito bonitos. Olhamos para eles como se fossem reflexos distorcidos do que somos, quando na verdade eles são exatamente o que somos – só que estão desfigurados e exibem aspectos horríveis que não gostamos de encarar.
É aí que mora a reação. Não adianta olhar para o que não gostamos e aceitar apenas, isso é apenas uma das coisas que devemos fazer. Aceitar é essencial, mas reagir aos estímulos externos é condição necessária para a evolução individual.
Quando temos fatores externos que nos transformam em pessoas piores, o que devemos fazer, quando impossibilitados de modificar o seu resultado em nossas, é eliminá-los para que não interfiram mais. É assim com um viciado em drogas, se ele não consegue ficar longe do vicio (e isso o faz uma pessoa pior) você elimina a droga da sua vida, custe o que custar – o mesmo vale para aquele que sofre de outros vícios/males ou faz determinadas coisas quando exposto a outros antígenos.
Portanto, o que vale em nossa vida é aprender a aceitar a nossa realidade e a reagir aos estímulos que nos são apresentados.
Aprendi isso depois de alguns dias compactos, que me fizeram engolir esses 5 anos e mandar eles descerem secos pela garganta. É estranho como olhamos para trás e vemos o quanto desperdiçamos.
Nosso medo de sermos irrelevantes ao todo faz exatamente o oposto: nos torna irrelevantes ao todo e a nós mesmos.