30.6.02

Olá pessu!!!

Olha o meu textinho de revolta!!!

"Brasil, 30 de junho de 2002.

Olá, amigo, tudo bem?

As coisas aqui no Brasil não andam das melhores. Ontem estava assistindo televisão e passei rapidamente pelo noticiário de um outro canal – estava assistindo Big Brother para ver em quem iria votar na terça-feira.

Imagina só, o Rio de Janeiro continua ruim! O tráfico está operando lá e o governo resolveu fazer um showzinho a parte: montou uma operação que se diz de inteligência para acabar com o poder paralelo. Triste ver isso, quando o consumo de drogas aumenta entre os jovens como eu e estes acham que estão entrando para o mundinho cool sem saber que estão é indo para a cova.

Fico realmente triste em ver tanta coisa ruim. Semana passada mataram um amigo meu, sabe? E o motivo foi dos mais idiotas: o menino estava sentando em um bar, conversando com os amigos, quando da mesa ao lado levantou um outro rapaz com uma arma na mão. Para variar era um assalto. O menino simplesmente falou que não tinha dinheiro, nem celular e nem coisa alguma de valor. O assaltante achou que era mentira e resolveu apagar o moleque. Três tiros no peito, é mole?

Mas isso é o de menos, é só resultado. O dólar está subindo para caramba, batendo quase os três reais. O investimento no país está diminuindo, os empresários contendo as despesas (e sambando entre as dividas), o desemprego aumentando, a fome na mesma... e por aí vai.

Fico cada vez mais triste quando resolvo sair de carro, sempre de carona porque estou sem dinheiro para pagar combustível. Nos semáforos o número de pedintes, flanelinhas e vendedores de balas aumento de uma maneira assustadora.

Proporcional, inversamente, ilustro eu, ao aumento do dólar está o número de seqüestros. Agora virou crime corriqueiro. Você está feliz em contente, com sua renda familiar de dois mil reais mensais (ou seja, hoje seria algo como setecentos dólares), vai em um caixa eletrônico ou festa de amigos e acaba sendo levado para dar uma volta. Depois disso passa uns vinte dias em um cativeiro e, se tiver sorte ou sua família pagar o resgate absurdo, volta para casa todo arrebentado, vinte quilos mais magro e cheio de traumas.

Realmente, as coisas não andam bem. Pelo menos podemos dizer: a Argentina está pior. Só que tenho medo, sabia? Antes dos nossos hermanos outros tantos quebraram as pernas e quem sabe não está chegando a nossa vez?

Agora eu vou dar uma volta, mas vou sem relógio e tênis, é mais seguro. Até que andar de sandálias no inverno não é tão ruim, posso caminhar bastante e não gasto sola de sapatos.

E aí, no País Futebol, como vão as coisas?

Carinhosamente,

João Brasileiro da Silva"

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