23.8.05

Um pouco da minha prosa... ela nasceu, não tive culpa. Tem tanta coisa na minha cabeça, comecei a reescrever O Vazio (again). Estou feliz.

Abaixo vai uma historinha besta, faz parte do universo do Vazio, acreditem. ;)

Até.

Gracia

Mínimos. Minimizados. Minimalistas. Dedinhos tão pequenos que não podiam ser notados quando tateavam o chão. Não se podia saber ao certo como algo tão frágil e pequeno conseguira viver tanto tempo sozinho, desprotegido. As interpéries e desafios que a vida ao relento trazem para qualquer alma são estranhas, mas para aquela criança novinha, jogada nos escombros de uma uma cidade desmoronada, tudo parecia um playground. Prayground seria uma brincadeira mais adequada, já que a inocência residia em uma Igreja desmoronada.

Kossovo? Faixa de Gaza? Não, era apenas mais uma cidade desmantelada do interior da Colômbia. Os países católicos sempre eram os mais competentes para gerar demônios, pelo menos os demônios mais discretos, já que as grandes potências sempre exportaram demônios profissionais e barulhentos, fossem chamados por seus nomes de batismo ou por apelidos - assim como o fizeram com as bombas em Hiroshima e Nagasaki.

O chão da igreja estava todo desenhado por pegadinhas e dedinhos espertos. A criança, com pouco mais do que 60 cm de tamanho e seus absurdos 20 quilos vivia ali, sem precisar de mais nada além do que aquele solo lhe dava. Ela se alimentava de esperança e das orações depositadas. Como viera ao mundo era um segredo, mas já corriam rumores na cidadezinha que alguma coisa gemia nas noites tórridas daquele janeiro estranho.


(continua)

Sem comentários: