5.1.06

Depois do referendo

Agora que as coisas deram uma “esfriada” e já faz meses que a gente foi parar lá nas urnas, decidir se aquele tal do Estatuto do Desarmamento iria continuar valendo e “o comércio de armas de fogo e munição deveriam ser proibidas no Brasil”. Fomos as urnas e, bem como suspeitavam aqueles que deram uma paradinha para pensar sobre a questão, o povo decidiu que o comércio NÃO deveria ser proibido.

Então fica esse monte de gente “feliz” porque mantiveram seus direitos e, como se fosse em jogo de futebol, soltam por aí com orgulho que “seu ponto de vista estava certo”, como se seu time tivesse ganho o campeonato – só faltam os gritos de “É campeão! É campeão”. Bem, eu nunca achei que a maioria ditasse o que é certo, mas sim o paradigma moral e ideológico da sociedade, mas aí, é discussão para um outro momento (uma mesa de bar, talvez).

É preciso saber, antes de tudo, o que a dita “Lei do Desarmamento” dizia.

Isso vocês podem conferir em alguns links (mais deles vou colocar em “Referências do texto”, pois assim vocês ficam sabendo de onde eu tirei muitos dos argumentos aqui contidos):

Depois disso tudo que se passou, basta fazermos perguntas a nós mesmos, para ver o que mudou e o que vai ficar melhor ou pior (e vai por mim, as coisas vão ficar bem “quentes” daqui uns tempos, estou pensando seriamente em NÃO sair da cidade e morar em um prédio com condomínio BEM caro, com pelo menos 80% dos gastos com estrutura de segurança).

Então vamos nos perguntar e pensar um pouco. Isso faz bem às vezes (só as vezes, senão você pode incomodar alguém e, sabecumé, merrrmão, tu some).

(Vou postar uma parte por dia, são vááááárias páginas de texto, então, paciência. De hoje até semana que vem vocês ficarão saturados de conteúdo relacionado. Depois vou postar uma outra "viagem" minha, nada ligada a política).

1) Porque a “Lei de Desarmamento” não passou?

a. A população se sente insegura e isso é de conhecimento geral

Todo mundo sabe que o referendo não passou por um motivo bem claro: o brasileiro comum não se sente seguro. É de conhecimento geral, até você que está aí lendo isso em casa sabe disso, sentadinho na frente do seu computador, envolvido por entre quatro paredes, uma tranca na porta, uma grade lá fora no portão e, se você morar em um prédio, possivelmente com câmeras de vigilância, segurança interna, cerca elétrica, etc.

Pergunte para você mesmo se você se sente seguro, faça essa pergunta com mais seriedade e pergunte para você mesmo se você daria uma volta no centro da sua cidade as 22h, sem se preocupar com as pessoas que passam perto de você ou te olham do outro lado da rua.

Não adianta, o brasileiro não se sente seguro porque não acredita na eficácia da força policial.

Uma pesquisa feita pelo IBGF (Instituto Brasileiro Giovanni Falcone, órgão de combate à criminalidade) consta que o medo é a insegurança é proporcional a classe social do cidadão. Esta pesquisa determina a resposta para a pergunta se a sensação de medo aumentou, diminuiu ou permaneceu a mesma do que em anos anteriores. As respostas para “sim, aumentou” foram:

Classe A* – 72%
Classe B* – 70%
Classe C* – 66%
Classe D* – 61%
Classe E* – 44%

* De acordo com a classificação econômica adotada pela Associação Nacional de Empresas de Pesquisa.

Ainda nessa pesquisa, 86% dos pesquisados disseram que sentem “muito inseguros” ou “inseguros”, entre as opções “muito inseguro”, “inseguro”, “seguro” ou “muito seguro”. Com uma concentração mais uma vez nas classes A e B de pessoas com um maior índice de insegurança, sendo que 90% deles se sentem muito inseguros ou inseguros.

Foi uma jogada suja perguntar se o brasileiro queria ou não manter o tal do “direito a se defender portando armas de fogo”, mesmo que a pergunta não tenha sido essa, é isso que eles fizeram. Se você não dá estrutura para alguém se sentir seguro, claro que a pessoa vai se agarrar à falsa idéia de segurança que a arma de fogo traz, naquele direito praticamente divino de defender a si mesmo, sua família, sua propriedade e seus valores através da maneira mais eficaz: com um revólver na mão.

(Parte 1 - continua...)

2 comentários:

Anónimo disse...

Okay, eu não votei nesse referendo.Não tinha tirado titulo de eleitor ainda, shit.But, eu quis muito votar pra essa merda de pergunta mal formulada e mal explicada.Pra você ter uma noção, eu tinha que lidar com amiga minha, gente que eu pensei que, well, ia pensar da mesma forma que eu, dizendo que diria NÃO se fosse votar mesmo no referendo por causa de toda essa propaganda de que 'se o sim ganhar todos os criminosos vão saber que na sua casa não tem uma arma e bla bla bla whiskas sachê, você esta vulnerável'.
Bom, ainda tá todo mundo vulnerável!

Tudo bem, meu voto não ia mudar a maior parte do voto do Brasil rs.Mas deveria! Bom, eu deveria mesmo é parar pra pensar se eu deveria cobrar isso quando falo de uma maioria ignorante.
Você escreve bem, fofo. haha
Okay, todo mundo sabe que você escreve bem.Agora só termine de colocar o que tem que ser continuado

Espero te ver em breve ;***

Anónimo disse...

Falou tudo. Realmente, se a estrutura de segurança de fato funcionasse no Brasil, não teríamos a necessidade de ter uma arma em casa. Melhor deixá-las somente nas mãos de quem tem treinamento para usá-las. Só que o que vemos é bem diferente. Além de totalmente ineficaz, a nossa polícia ainda é despreparada, além de corrompida. Mas, pare e pense: você venderia a sua vida por R$1200 por mês? Os PMs ganham isso pra sofrer o que sofrem nas Rocinhas e nos Caveirões da vida. Tudo bem que pouco dinheiro não é sinônimo de propensão à corrupção, mas com certeza ajuda no fato de serem os próprios policiais os mentores da venda de armas para os marginais, dentre outros furos. Se formos parar para analisar cada aspecto errado de toda essa rede da chamada "segurança" no Brasil, passaremos horas e horas discutindo sem chegar a conclusao alguma.

Por essas e outras é que eu digo que a solução para o Brasil é explodir tudo e começar do zero. Nosso tão esperado futuro promissor está séculos longe de nós.