Não sei bem como isso acontece, mas o atropelo dos anos vai deixando tudo meio sem sentido. Usar sentido como palavra para idéia não se aplica, acho que a acepção da palavra é volta para sentir e não compreender – as coisas ficam então insenssíveis, a vida fica sem cheiro, gosto, textura ou cor, e por isso não falamos.
Usar o não sei outra vez mostraria que eu estou tentando formar um pensamento, mas não consigo. As coisas travaram em um alvo só. Tenho motivos para colocar a culpa em bodes expiatórios, mas me recuso a fazer isso sem lutar ao menos por alguns instantes.
Não adianta reclamar, pois o cotidiano é uma cobrinha venenosa que só dá o bote uma vez e te aleija; no resto dos anos seguintes você sofre apenas dos efeitos da paralisia.
Envelheci e, antes da crise dos 30, eu já comecei a pensar no que eu perdi. Uma coisa é fato, a única que coisa que se perdeu nesses anos todos (nos 29) fui eu.
Ainda bem, quando estamos perdidos é sinal que temos coisa pra fazer.
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