30.11.09

A cultura interna empresarial, a consciência e o respeito

Já faz algum tempo que passei por uma experiência que agora eu posso narrar com mais calma.

Há algum tempo atrás, prestei serviço em uma empresa de uma cidade do interior. Na proposta inicial o trabalho pareceu bem legal – e o lado profissional, em si, foi fantástico. Voltei a lidar com algumas experiências que eu já tinha comigo fazia anos, coisas de começo de carreira. Somei a isso algumas coisas que aprendi com os anos e fui evoluindo naturalmente o trabalho.

Porém, uma das coisas que mais me irritavam e fizeram ser uma das experiências mais difíceis da minha vida profissional foi o ambiente. Não, o lugar não era uma masmorra que chicoteava os funcionários, o problema mesmo era a cultura dos próprios funcionários. Sim, isso mesmo, o ambiente criado pelas pessoas que trabalhavam comigo era impossível de lidar – pelo menos para alguém como eu.

O chauvinismo imperava. Tratavam as mulheres do ambiente como pedaço de carne. Era só uma delas sair que começavam os comentários “buceteiros”, de arrepiar a nuca dos mais liberais. Papo de boteco bravo, daqueles que você ouve depois de pelo menos 5 garrafas de cerveja.

Isso era pouco. O índice de homofobia e preconceito passava o limite do crime, os comentários me causavam azia. Tentei reagir algumas vezes com comentários suaves, mas não dava, sem criar olhares e comentários de volta tão ofensivos quanto.

Foi aí que alguns problemas pessoais surgiram e eu tive que decidir entre resolvê-los de vez ou me dedicar a empreitada que havia começado. Pelo ambiente, decidi pelo primeiro, afinal, já tinha peso demais em minha vida para agüentar esse tipo de coisa.

Esse desabafo demorou um bocado pra sair e os motivos foram vários. Não queria falar sobre isso com ele tão recente, afinal, a gente se enrola demais quando ainda está sentindo raiva, mas o motivo principal foi que até então eu não sabia que isso realmente me incomodava.

A idéia da “cultura dos funcionários” desandar com as relações internas e até mesmo interferir nas externas é algo que os administradores deveriam ter como meta. E não são todos que pensam nesse aspecto.

O triste é saber que em 90% das empresas da minha cidade natal as pessoas pensam assim. Não existe de fato uma cultura de pessoas, mas um aglomerado de chauvinista buceteiros e preconceituosos que não prezam pela evolução empresarial e humana – na verdade, a maioria das pessoas é um pedaço de carne, comível ou não, mas um pedaço de carne.

A falta de respeito me faz ir para longe e eu fico muito triste quando isso acontece.

Espero que um dia as pessoas possam lutar contra isso de verdade e mandarem pra puta-que-o-pariu gente assim, sem medo de tomar de volta em forma de tapa o toque que deram na sociedade.

Amanhã é dia 1º de dezembro, Dia Mundial da Luta Contra a AIDS, dia de pensar nos preconceitos e na consciência de que temos um lugar no mundo, mas não é o de apontar o dedo para outros. Somos todos iguais: morremos, sangramos e sofremos; respiramos, comemos e sorrimos.

Mão na consciência.

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