3.5.05

O que a gente sente quando não sente nada? Eu odeio este nada, este modo anestesiado que eu fico toda a vez que os ciclos se repetem. Creio que deva mapear a minha vida para ter uma lógica nessas interrupções das euforias domésticas que vivo. O que há de errado? Nada, creio. Os dias apenas são mais pesados e a estética fica tão massante. O jeito é me mudar, continuar, até não ter mais espaço na pele para deixar minhas marcas. Quero algo novo, alguém velho pode ser, mas desde que me tenha por completo.

Não entendo como o Grande Cthulhu ainda não devorou o meu espírito. Talvez seja porque eu pertença a um outro tipo de ficção. Talvez eu seja muito mais Casmurro do que Criatura do Espaço Profundo e Arquétipo Virtual.

Vou me procurar por entre os livros do começo do século XX, o meu século, com doenças novas mas com os mesmos velhos vícios.

Acenda o cigarro. Dê-me uma gole desse bourbon.

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