4.5.05

Uma das melhores passagens literárias dos últimos 3 anos eu consegui em um livro que deveria ter lido a muito tempo atrás. De Profundis, do Oscar Wilde, escrito enquanto ele estava preso por pederastia (isso mesmo, ele foi preso por ter sido acusado de viadagem, acreditem, no final do século XIX, na Inglaterra; só que a história envolve outros aspectos, tais como interesses pessoais e políticos de uma minoria que sempre foi a que ditou a “moral e bons costumes da sociedade londrina”). No livro ele narra toda a sua história, não tenta defender suas ações e explica tintim por tintim os acontecidos, envolvimentos e outros mais da história – certo que é a história contada do lado dele, então não dá pra achar que ele é o santo que tenta pregar, mas mesmo assim ele tem ÓTIMAS sacadas sobre relacionamentos. É tão (ou mais) contundente quanto o filme/peça Closer.

“Percebi também que teria sido mais feliz se possuísse um espírito menos cultivado. E não digo isso com rancor, mas por simples companheirismo. Basicamente, o diálogo é o único vínculo capaz de unir duas pessoas, seja no casamento ou na amizade. Mas para que haja diálogo, é necessário que existam interesses comuns. E entre duas pessoas de nível cultural totalmente diverso, o único interesse comum possível só pode existir ao nível mais baixo. A simplicidade de pensamentos e ações pode ser encantadora. Eu fiz dela a base de uma brilhante filosofia, expressa em peças e paradoxos. Mas a frivolidade e a insensatez da nossa vida tornavam-se muitas vezes cansativas para mim: nós só nos encontrávamos em meio à lama e embora o único assunto em torno do qual invariavelmente girasse a sua conversa pudesse ser terrivelmente fascinante, ele acabou por tornar-se bastante monótono para mim.”

E por aí vai. É o maior “pé-na-bunda” que alguém poderia dar em outra pessoa. É genial por ser tão transparente, ou, se não foi sincero, pela genialidade de Wilde em fazê-lo parecer. É contundente na medida que fala das coisas, na forma como trata o relacionamento entre duas pessoas que tinha apenas algo pouco maior que um “desejo por presença”. É o maior documentador dos relacionamentos humanos e não muda muito a sua intenção no agora.

Vale a pena ser lido, mas é mais um dos espelhos que fazem com que sintamos aquela pontada no peito e pensemos: “droga, eu sou humano também”.

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Furei o lábio outra vez. Notícia assustadora? Não, não. Sentir dor desejada, acreditem, apazigua o meu espírito. Meu filhinho voltou. A mesma jóia, no mesmo lugar e com a mesma tatuadora. Aliás, a Mari é ótima. Vocês precisam passar lá no estúdio dela. Pessoa legal, profissional super foda e sabe o que faz. Simpatia e profissionalismo rulez. Passem lá na loja dela, na Galeria do Rock, Rua 24 de Maio, 62 – 3º andar, loja 465. Do lado do Teatro Municipal e pertido da estação Anhangabaú ou República do metrô.

3 comentários:

Anónimo disse...

hello sre. poe, preciso ler esse livro, outra vez falei pro jairo desse lance cultural e ele pra varEar discutiu comigo rs, depois te conto.

hoje será impopssível passar por aí, vou pra mamãe já que acabei não indo ontem, ela já melhorou.
de qualquer forma te ligo pra dizer quando vou, preciso te ver, conversar e pegar o livro emprestado, me empolguei com ele.

também quero ver o lance do pc, dependendo de quantas vezes eu fecho já no outro mês e pago tudo bonitinho e fico feliz a beça.

quero ver seu piercing e fazer o meu de novo =**

neely o'hara disse...

oi poe
tenho um bloguinho também
acho que te vejo no jive amanhã

beijo beijo

neely o'hara disse...

btw, te adicionei nos meus links.
gostei daqui :)