30.8.06

Branquelo é a mãe! Um momento anti-racismo

Nesses últimos dias baixou a pomba gira do anti-racismo em mim, na verdade, baixou a indignação do anti-tudo, já que minha revolta é uma revolta solitária e por mais que esbraveje ninguém vai ver as mudanças nascendo de mim.

Porém, se eu ainda sou livre para expressar o que eu penso, vou falar, mesmo que seja lido por meia dúzia de pessoas que pensa um pouquinho e prefere largar os “fofismos” de lado para pensar sobre a realidade que as cerca.

Voltando ao assunto principal, porque prelúdios e interlúdios cansam, fico cada dia mais besta com esta história de racismo.

Outro dia passei pela banca de revistas e vi um exemplar da revista Raça, que, aliás, tem um site bem interessante que mostra o teor de seu conteúdo. Sempre achei muito legal a idéia de se fechar em nichos específicos do mercado, principalmente, os nichos “raciais”. Você pode vender muito mais coisa quando faz uma revista para um biótipo, sexo, grupo sexual, idade e afins, tal como acontece com a Capricho com seu público adolescente feminino e também com a Playboy com seu público de heteros que adoram “informação interessante” e juram que compram a revista “por causa das matérias” (Ah, tá! E todo político é honesto e cumpre as suas promessas de campanha).

Bom, só que eu parei para pensar em um universo paralelo. E se essa revista se chamasse Raça, sem por e nem tirar, mas ao invés de ter se focado no público afro-descendente (este é nome politicamente correto do que alguns chamavam de “etnia negra” ou “nação africana”) fosse focado na colônia alemã ou finlandesa? Eu tenho certeza que teriam milhares de protestos e uma gritaria danada, mesmo que o assunto fosse o mesmo e ressaltasse a cultura dos dois países, falando sobre fatos históricos e mantivesse o pessoal dessas colônias mais unidos.

E se a revista falasse sobre todos os Europeus? Algo como Raça Européia poderia ser um bom título, para vender para o público gigantesco de imigrantes vindos da Europa para o Brasil no inicio do século XX.

Seria um caos e geraria uma polêmica desmedida, tenho certeza.

O mesmo acontece com outras coisas no dia a dia! Outro dia eu passei por algo que me deixou PUTO da vida: desci do ônibus, aqui na Praça Ramos, para ir ao trabalho, no Centro de São Paulo, e fui comprar um Gatorade e uns pães de queijo para fazer meu café da manhã. O atendente da lanchonete vira, com uma intimidade não dispensada a ele, e fala:

- E aí, Alemão, o que vai ser pra hoje?

Parei e fiquei olhando pra ele, com uma tempestade em minha cabeça que variava entre indignação e raiva. Engoli o que queria falar e fiz o meu pedido.


Eu, por minha vez, pergunto aqui se fosse o contrário. Se eu fosse de etnia negra, o que o cara iria falar? “E aí, Negão, o que vai ser pra hoje?”. Se falasse isso não iria passar batido, seria preconceito! Seria racismo!

Não dei permissão para intimidades e não sou descendente de alemão, aliás, de alemão eu não tenho é nada, não sei nem falar “bom dia” ou “oi” no idioma! As únicas coisas alemãs que eu gosto estão relacionadas a música (Ramstein, Kraftverk, Funker Vogt e Wumpscut são bons exemplos – e eu nem sei se eu escrevi certo, porque tem tanto trema que eu nem sei onde coloco, mas também é pra atestar a minha não "alemolidade") e à cerveja que é boa pra caralho!

Nesse meu caso não fui ofendido? A pessoa não praticou racismo? Não invadiu meu espaço? E se a ele tivesse usado outros apelidos carinhosos que essa galera costuma usar, tais como “Branca de Neve”, “leite condensado”, “sulfite”, “branquelo” e afins? Tem mais ainda, porque ele poderia ter feito piadinhas do tipo:

Eu, usando camisa branca e uma estampa no meio, ando pela rua, a pessoa me solta:

- E aí, Alemão, bonita tatuagem!

Ou ainda:

Eu, pela rua, de bermudas:

- Opa, Branca de Neve, o que é isso? Quebrou as pernas? Ou tirou o gesso?

Sim, é engraçado, mas não está fazendo piada com a minha compleição física? Sim, está! E por que não é crime? Aí que está, É O MESMO CRIME, mas as pessoas acham que não!

Escreva em sua camiseta “100% Negro” e você estará fazendo um protesto contra o racismo e mostrando seu orgulho com relação a sua origem. Agora, escreva em sua camiseta “100% Branco” e você estará sendo racista, white power, white pride, neonazista, facista ou qualquer outra coisa que o valha, pois você não pode expressar sua opinião, mesmo que essa não seja preconceituosa de verdade.

Racismo significa, segundo o Houaiss:

racismo

? substantivo masculino

  1. conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as etnias
  2. doutrina ou sistema político fundado sobre o direito de uma raça (considerada pura e superior) de dominar outras
  3. preconceito extremado contra indivíduos pertencentes a uma raça ou etnia diferente, ger. considerada inferior
  4. Derivação: por analogia.
    atitude de hostilidade em relação a determinada categoria de pessoas

    Ex.: r. xenófob

Preconceito também tem uma acepção BEM diferente do que as pessoas estão acostumada e, segundo o mesmo Houaiss:

Preconceito

? substantivo masculino

  1. qualquer opinião ou sentimento, quer favorável quer desfavorável, concebido sem exame crítico
    1. idéia, opinião ou sentimento desfavorável formado a priori, sem maior conhecimento, ponderação ou razão
  2. atitude, sentimento ou parecer insensato, esp. de natureza hostil, assumido em conseqüência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância
    Obs.: cf. estereótipo ('padrão fixo', 'idéia ou convicção')

    Ex.: <p. contra um grupo religioso, nacional ou racial> <p. racial>
  3. conjunto de tais atitudes

    Ex.: combater o p.
  4. Rubrica: psicanálise.
    qualquer atitude étnica que preencha uma função irracional específica, para seu portador

    Ex.: p. alimentados pelo inconsciente individual

Só que tem mais, a acepção legal ainda é outra, mas não vou soltar meu advogadês por aqui, mas seria bem legal vocês verem o Código Civil ou em literatura específica sobre o tema, assim ninguém faz merda ou fala merda. Sobre o crime de racismo e preconceito, achei uma matéria bem interessante que vai esclarecer a cabeça de vocês (e acho que isso deveria ser tema de palestras em escolas).

Agora, vocês podem falar ou pensar que estou pregando algum ideal neo-nazista e afins, mas não estou. Não há propaganda alguma nesses meus textos, apenas uma indignação pela incapacidade do ser humano em compreender conceitos básicos, tal como o racismo, preconceito e discriminação.

Isso me deixa muito p* da vida, porque o povo repete feito papagaio um monte de besteira sem saber o que estão falando, defendem ideais sem saber do que se tratam e só o fazem porque acham bonito – é bonito ser engajado, é lindo agir de forma politicamente correta e é maravilhoso defender os injustiçados! Só que a merda é que só é bonita a imagem, a maioria acha bonitinho políticos beijando criancinhas ramelentas e se achar o libertador das injustiças.

Os políticos adoram falar que defendem as minorias, seja ela a galera GLBTT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transgêneros) ou os negros, como se estivessem libertando alguém de alguma coisa. Os gays se libertaram sozinhos e os negros foram libertados lá em 1888, sofreram durante um século para conseguirem se misturar a sociedade brasileira que é uma salada de fruta de etnias - hoje somos uma nação misturada, de gente com diversas raizes e tinhamos, isso sim, é que ter orgulho de sermos brasileiros, mas no fundo, a gente nem sabe o que é isso significa também!!!

Só que ninguém vê os fatos e é muito mais bonito falar “que butitinho” para uma ação babaca e racista de um político que defende interesses pessoais, porque ser a favor de cotas para negros em faculdades públicas não faz você perder voto algum, mas ser contra abre precedente para que chamem você de racista e seus votos vão voando pela janela.

Demagogia me dá nojo!

5 comentários:

Rut Alexander disse...

É verdade, transbordamos de preconceitos e nem percebemos, estão estampados nos nossas lindas carinhas, nas nossas atitudes e nas nossas palavras, ou até mesmo pensamento. Eu não vou falar que seu texto está perfeito nem lindo, porque não está, está apenas falando o que acontece e coisas que eu por exemplo mal pensei isso na vida, a galerinha tem mania de não ler as coisas e falar que adorou o texto ou que você escreve muito bem, claro é verdade você só não sabe escrever muito bem como sabe passar isso para os outros, da sua forma, mas de forma direita e realista. Hahaha E eu acabei te elogiando mais do que elogiando o texto ou as idéias, mas em si gostei bastante, parabéns.
Beijos!
;}

Anónimo disse...

A resposta para seus questionamentos, é muito simples: Se alguém se referir a você pelas suas características físicas, é racismo sim se for de maneira pejorativa, mas para ser sincero, todo negro alguma vez na vida, ou senão alguma vez no, ano, ou senão alguma vez no mês, ou senão, alguma vez na semana, ou senão, alguma vez no dia, ou senão alguma vez a cada hora é chamado de NEGÃO, para a maioria das pessoas isto parece normal, se um branco alguma vez na vida é chamado de branquela ou Alemão, então a casa cai, o mundo vira do avesso, mas cá pra nós, o que um branco sofre com o racismo numa vida, pode ser que não se equivalha a que qualquer negro sente durante apenas um único dia, não há como comparar uma coisa com a outra, e é muito raro, um negro utilizar termos que seriam considerados pejorativos com um branco.

É muito simples de entender o porque uma camisa 100% branco é racismo e uma 100% negro não é, basta lembrar da campanha da do povo branco no Apartheid, basta lembrar das lutas pelos direitos civis nos Estados Unidos, basta lembrar da campanha de Hitler, agora procure na história, negros que seriamente estejam lutando pela supremacia negra, estão em todos os cantos onde é preciso lutando pela igualdade, a associação de orgulho branco com racismo é muito fácil, e logicamente pelo fato do negro ser sempre o oprimido em todos o momentos da história recente, 100% negro é uma questão de afirmação, é uma questão de auto-estima, para qualquer pessoa inteligente a conclusão é imediata.

Se os negros fazem uma revista chamada Raça, é porque das outras milhares de revistas que eles vêem nas bancas, nunca se identificam, não são capa de revista, não são sequer parte do conteúdo, uma revista para negros em um país racista que discrimina os negros só serve para que o negro apareça de alguma forma, que se identifique com alguém, ao invés de ter que pedir pelo amor de Deus para que um branco olhe para o lado do negro, coisa que nunca aconteceu na história deste país. Qual seria o objetivo de uma revista chamada por exemplo “Raça Branca” se não a de acirrar o preconceito em um pais em que todas as revistas, menos uma é negra?.

Um lado não é igual ao outro, se os lados fossem iguais as considerações poderiam ser iguais, uns são descendentes de escravos, do povo que foi humilhado e massacrado e que com as mãos suadas ajudou a criar este pais, por outro lado um povo que herdou as terras, herdou o dinheiro herdou tudo, sendo que isto é fácil de perceber nas condições sociais dos povos no Brasil. Quero ver médicos, engenheiros, atores, escritores, advogados e políticos na mesma proporção que existem negros e brancos na sociedade, eu pelo menos nunca tive sequer um professor negro em toda a minha vida, quando as coisas forem iguais, então façamos uma manifestação contra uma camisa onde está escrito 100% negro como sendo racista e vamos até a editora da revista Raça e façamos um manifesto para que mude o nome e o conteúdo em beneficio do povo brasileiro, por enquanto não acredito que seja justo em um país com tantas diferenças sociais ligadas sim à raça e a história que tenhamos que negar migalhas que tem somente o objetivo de aumentar a auto-estima massacrando o povo que é humilhado todos os dias.

Seu texto não tem o menor sentido.

Anónimo disse...

Eu sou branquelo, e tenho orgulho de olhar pra minha pele branquinha, quando vou tomar banho na praia eu não curto ficar muito tempo debaixo do Sol que é pra não escurecer minha pele. Você deve estar achando que sou racista só porque eu falei isso mais não sou não. Uma vez eu estava voltando da escola, naquele dia resolvi ir andando pra casa, quando eu passo por uma padaria que estava cheio de Negros, eu só olhei pra eles eles me olharam com a cara feia, credo...! Não dizer todos!! Mais 90,99% dos negros que conheço tem preconceito contra mim, já me fizeram mal, já me zoaram de Leite Azedo, Ovelha, e falaram que tenho aquela doença que não se pode sair no Sol, Se eu os chamo de neguinho, seu preto, só de brincadeira eles já vem me chamando de racista. Conclusão, eles é que são racista e falam de nós, nascemos em um País livre e podemos nos expressar da forma que quisermoo, o dia que eu encontrar uma camiseta escrito "100% Branco" ou "Orgulho de ser branco" eu vou comprar

Anónimo disse...

Cara vou ser realista, o Brasil é um país livre e eu falo o que quero. !$emcesura$!

O Negro sofre mais com o racismo por que os antepassados deles são todos escravos e etc... por isso que quando alguém o chama de negão, neguinho, ele se sente ofendido que ele entende assim, eu acho né kkk


Se tu chama ele de negão ele vai entender da seguinte maneira " O cara tá me chamando de excravo" e por aí vai, mais se não for o que falei deve ser algo bem parecido por que uma pessoa não vai se ofender por causa de uma palavra se não tiver um motivo muito forte pra isso.

Já nós brancos nem ligamos muito pra isso por que somos Brancos, quando alguém te chama de Alemão, Alemão é rico, ser rico é bão.


Mais quando alguém sem intimidade faz isso.......

Anónimo disse...

Na escola onde eu estudo tinha uns 3 professores negros, isso significa que os negros estão avançando no mercado, e que continuem assim.