13.10.09

Travessa

O chão está partido!
O gado ferido não tem para onde seguir.

A terra seca murcha
A relva e turva os anos de escasso plantio.

Procura-se a culpa.
Dá-se o nome ao diabo que melhor lhe convir:

Belzebu, Carnegão ou Satanás?
Cachaça, viola ou Mariana?

Não importa o nome, mas o que ele faz.

Desfazem-se os anos,
Os laços
E as malas dos mascates.

Desfazem-se os anos
E os passos
Dados em direção comum.

Sobra-se a seca e a culpa,
A sede e o culpado.

Sombra-se o passado,
Oculto nos erros e errados.

Sóbrio é se, com tudo isso,
O peão sabe sua reza
Ao santo pelo que se preza
No momento do Juízo Diário.

Sua terra lhe pertence,
Mesmo seca e amaldiçoada pelo diabo.
Abraça seu chão chão e ama seu zelo.

Só o que é seu de verdade
Está além da vaidade e do medo.

Depois da seca, vem a tempestade
- e depois dela, o plantio.

Eu, em 13.10.2009 às 7h00 da manhã em viagem.

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