Não tive muitos motivos
Para fingir que não sinto.
Porém, vi dois vícios
Armados com a razão:
- Não há mistério, nem perdão.
Maltrapilho bem trabalhado
No mal caminho seguido,
Fez-se essa a razão das horas
E a alma se mostrou pronta
Para levar as alegorias a sério:
- Não há perdão na miséria.
Afastei-me então da humanidade,
Aposentei tudo o que é frágil
E construí um muro de plástico.
Forrei-me de isopor e borracha,
Isolei-me entre concreto e vácuo.
No final, veio a ironia
Do destinho travesso que devora,
Sem pressa e com paciência,
Todas as oportunidades bem quistas:
Definhei por falta de ar e comida,
Pois meus braços atados
Não ficaram à vista.
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