É tão mais fácil falar “eu te amo” do que justificar os seus pecados. Talvez isso seja uma forma de fuga, de encaixe em uma forma universal de resumir os pesares em três palavras que remetem a milhares de imagens cotidianas de novelas ou comédias românticas. "Tudo é resumível", presumem aqueles que sintetizam-se no amor.
É mais fácil encontrar a fuga em um sentimento alienígena que se assumir importante e completo por si mesmo. Covardia talvez seja um nome muito forte, mas com certeza, esperteza e malícia são menos cabíveis ainda.
Encontrar-se em alguém é se assumir incompleto e incapaz, é como usar muletas e não precisar do apoio. Deveríamos ser sustentados apenas pelo anseio da melhora e não pela conquista da melhor pessoa possível para nos servir de apoio. Largamos do eu para sermos nós, quando, na verdade, deveríamos exaltar a nós mesmos como a perfeição de nossas idéias (mesmo que estejamos longe da perfeição, devemos encontrar em nós mesmos o modelo que desejamos seguir).
Não adianta, hoje acredito piamente que a melhor maneira de estar completo é assumir que eu sou pleno por mim mesmo (e a cada dia o faço mais) . Não me importam os sorrisos alheios a não ser pela felicidade que me causa o bem estar de quem me é caro – não preciso amar incondicionalmente, não preciso amar de volta; tudo o que eu quero eu tenho e reside em meu próprio peito; não há tempo para desperdiçar com fracassos a não ser que os fracassos sejam com relação a eu mesmo.
É tarde demais para ser completo e cedo para assumir que falhei comigo mesmo. Amo sim, mas o amor que busco não tem nome e nem é sintetizado na forma do paradigma que conhecemos. Prefiro ser inédito, mesmo reprisando a cada instante todos os meus defeitos.
1 comentário:
alguns textos sempre fazem mais sentido ainda.
Não dá pra explicar...
mas todo mundo resume sentimentos para tentar demonstrá-los. Eles sempre são grande e forte demais pras palavras.
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