6.2.06

Nesse final de semana passei por situações bem chatas e a maioria delas acabou se desprendendo por conta do último post, dando minha opinião sobre o fechamento das casas “udigrudi” que ocorreu semana passada.

No post anterior eu não ofendi ninguém e deixei bem claro que as casas deveriam é se organizar e montar um órgão para sua defesa e também uma maneira de darem suporte àqueles que desejam ingressar nesse mercado.

Concorrência existe em todo lugar e até mesmo refrigerante faz propaganda agressiva. Se você não está caluniando ou denegrindo ninguém você pode utilizar de ironias e afins para fazer a sua propaganda.

O Guaraná Antártica atacou a Coca-Cola várias vezes com uma propaganda que mostrava de onde a frutinha do guaraná vinha e exibindo o local onde elas eram plantadas; no final do comercial vinha a frase: “Nós mostramos de onde vem a nossa matéria prima. E a concorrência?”. Foi uma sacada genial e nem por isso eles saíram se matando. Aliás, elas fazem parte da mesma associação e estão “organizadas” para eventuais problemas.

Isso aconteceu entre a própria AMBEV na famosa “guerra das cervejas” e também em outros lugares. O Burguer King usa como slogan “100% mais carne bovina a mais que a concorrência”. E nem por isso ele não faz parte do sindicato patronal que defende os interesses dos restaurantes onde a sua concorrência também se apoia.

Só que ninguém comemora quando uma casa noturna é fechada, porque eu não acho legal. Não acho bonito e nem interessante para um outro comércio que eu nutra simpatia, é apenas uma brecha, principalmente porque o público daquela casa era outro, formado por outro perfil de indivíduos que não era o pretendido. Encher um lugar é legal, mas você só faz coisas diferentes porque você espera atrair outras pessoas, você usa uma outra imagem porque quer as pessoas que não gostam da outra. É mais ou menos como escolher alguém para se namorar: você está com aquela pessoa por querer características que só ela tem e não porque você não encontrou nada melhor (se você faz o número dois, meus pêsames para você e sua infelicidade).

No post anterior eu também mencionei que o fechamento das casas não foi por preconceito, não? Não mesmo, pois o Ultralounge está aberto, a SoGo também está lá, A Loca também e outros tantos lugares. A Vila Olímpia também passou por um aperto nas semanas que passaram e várias casas foram fechadas. Os problemas todos são que as associações de moradores das regiões estão se organizando, pois o tumulto que acontece nas ruas atrapalha e incomoda as pessoas que residem nesses locais – o Psiu tem motivos pra aparecer, a CET e até mesmo o Juizado de Menores. Então os moradores começaram a utilizar-se dos problemas para garantir que não tenham problemas – eles tem direitos também, como as pessoas afetadas pelos fechamentos das casas, e começam a cobrar eles.

Para garantir que não haja problemas as casas devem ter em mente que o barulho não deve vazar, que o transtorno com relação ao trânsito deve ser menor e que as reivindicações de Associação de Moradores ou dos órgãos municipais sejam atendidas. Isso faz com que as casas coexistam com os moradores e que ninguém dê trabalho pra ninguém.
Volto a ressaltar que não fico feliz com o fechamento de algumas casas, tal como o Madame Satã (que ainda não sei se está aberto ou regularizado), porque eu passei vários momentos legais lá dentro quando eu o freqüentava a anos atrás (faz um bom tempo, mas passado não é pra se esquecer). É triste, mas serve para a gente colocar na cabeça que devemos fazer para evitar problemas futuros.

Não adianta ficar gritando e batendo o pé no chão, tem que se mexer para mudar as coisas. Criança que chora não mama, mas criança que chora demais mama de menos. Se algo está errado, então vamos mudar para que fique certo – não adianta reclamar sem saber do que está sendo exigido.

Vou continuar exercendo o meu direito de falar o que eu penso, pois não estou caluniando ninguém. Nunca acusei alguém de algo que não pudesse provar (nem mesmo acusei alguém, sempre fiquei no meu canto vendo as pessoas falando merda sobre mim por aí) e também nunca difamei um indivíduo, ao contrário de que já fizeram comigo. Já me acusaram de interesseiro e de “alpinista social”, mas eu fiquei no meu cantinho, achando que não deveria responder a ofensa, só que eu não havia sido ameaçado ainda, não haviam me colocado entre 10 pessoas e uma parede, não haviam me coagido e nem tentado tirar dois direitos meus, garantidos pela Constituição: a livre expressão de idéias e o direito de ir e vir.

Então vou continuar falando, vivendo e seguindo em frente, achando que as coisas erradas devem mudar e tentando modificá-las dentro do possível. Se gritar somente resolvesse alguma coisa, cigarra seria formiga.

Até.

4 comentários:

Anónimo disse...

Se a putaria não fosse tanta, tenho certeza que tudo estaria bem. Não lamento nem um pouco, Como você disse, pode ser um aviso a futuros donos de estabelicmentos que funcionem a noite. Ou, as pessoas continuam assim, querendo realizar uma espécie de parada gay encurtada como forma de protesto. Sinceramente, o que gente com 15 anos pode fazer? Absolutamente nada. A imagem poderia ser um pouco melhorada, putaria tem limite, e falta de informação tbém. Do jeito que a imagem de certos lugares é vendida (e muitas vezes é), nada mais normal do que órgãos públicos tomarem uma atitude. Aliás, o lugar é um clube, não um puteiro.

neely o'hara disse...

O problema é simples e objetivo. Por falta de argumentação, estão usando essa desculpa da homofobia. Aquele não é ambiente pra ninguém e muito menos pra menores de idade. Qualquer pai ou mãe que veja um site daqueles obviamente denunciaria. Até meus familiares o fizeram e isso não é segredo pra ninguém, e olha que não sou menor há tempos. Criança e putaria não dá, não combina, e a casa sempre incitou esse tipo de comportamento e quem, como eu, teve o azar de frequentar aquele lugar por tanto tempo sabe bem como as coisas funcionam. Como a pessoa aí em cima falou, o que um adolescente de 15 anos tem na cabeça? Nada.
O buraco é bem mais embaixo, muito erro e pouco acerto.

Anónimo disse...

Sabe o pior? Querer pagar de revolucionário, querendo reivindicar algo q sempre foi visto de um modo negativo. Toda pessoa com baixa instrução pensa q gay só faz putaria. Anos e anos para mudar esse conceito e fazem essa merda? Puta imagem de bosta, agora o pessoal quer "direitos iguais"? O q são direitos iguais? gente feia, sem o mínimo de conteúdo titrando fotos pornôs? A partir do momento em que um lugar é considerado um estabelecimento, ele se propõe a obedecer certas regras. Se a idéia é "barbarizar", então faz um bordel. Mais fácil de reivindicar o q q uerem. Só sei q eu nunca pus meus pés em certos lugares e nem vou colocar.

Anónimo disse...

As associações de moradores tem recebido apoio forte da sub-prefeitura de pinheiros (que é a responsável por, desde pinheiros até moema, englobando todos os maiores bairros de balada da capital) e da própria prefeitura para realizar esse tipo de cobrança quanto a lei do Psiu. É realmente necessário que se tenha uma organização no mínimo adequada pra que as coisas mudem. Ainda assim, ninguém garante. Veja só o exemplo do Estádio do Pacaembu que só abriu pro show do Pearl Jam por conta da reivindicação social em massa com a liderança da organização do show e destaque da mídia, que juntos pressionaram de forma concisa o gabinete do Carequinha/Cérebro obrigando-o a ceder espaço pro evento. Ainda assim, o mesmo foi tomado por limitações e obrigações, e provavelmente não haverão tão cedo outros shows por lá.

Quanto aos outros comentários, eu não acho que a situação seja tanto em relação à "putaria" que acontece nas casas, muitas casas interditadas não tem essa imagem associada. A questão principal é o barulho das filas, e a zorra que se faz nas partes externas. É comum aos que frequentam os Jardins (afetado pelas reivindicações que foram discutidas aqui) a noite ver dezenas de pessoas largadas pelas ruas próximas as baladas bebendo e fazendo barulho, algo que se fosse ocasional não teria problema, mas como é quase diário, atrapalha. Eu mesmo me irritaria se ficassem gritando na frente de casa a noite toda.

Se a questão da "sexualização" das casas fosse algo tão relevante, a prefeitura estaria mais interessada em fechar as tantas casas de swing que existem nos mesmos bairros das baladas interditadas, ou os "clubes noturnos" de prostituição e strip que também lotam as grandes avenidas e não são segredo pra ninguém. A diferença é que essas casas normalmente tem um público bem mais discreto.