22.2.11

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- The Dropbox Team

28.4.10

Mudanças de endereço

Olá, pessoal.

Mudei meu blog para opaisdasmaravilhas.etc.br

O motivo é bem simples: as informações são minhas agora, hospedadas em meu site, e estou migrando meus poemas para e contos para lá, isso mesmo, todos eles. Fica um lugar só com tudo o que faço, de blog devaneio a poesias e afins. Melhor pra centralizar as minhas incursões pelas letras e afins.

passem lá!

10.4.10

Peso a dedos

Cansei um pouco de tantos sonhos não realizados. Tudo bem, o não realizado não é o que me cansou, porque se não o fiz é porque estava com preguiça ou sem vontade. Pois digo então: cansei dos sonhos. Mas como um sonhador faz isso? Só sonhá-los em excesso, vos respondo. Simples como é a falta de interesse perdida entre os amantes ou o amor amargo de travesseiro desenvolvido pelos casados.

Namorei demais meus sonhos e eles se tornaram chatos, tem chulé e deixam a tampa a privada levantada (ou abaixada, essa é uma discussão eterna que deveria ser estudo de tese de mestrado).

O que importa, de verdade, é que a barba dos meus sonhos me pinica, portanto, quero-os mais lisos – assim eles fogem de mim como sabonete molhado em chão de azulejo.

Então ocuparei meu tempo com menos sonhos. Terei então mais realizações? Talvez não, a vida agora precisa de novos ares, porque estou sem ar algum. Uma respiração profunda se faz entre essas linhas.

Ouço lá no fundo um:

- Teve um pesadelo, por isso acordou em prantos?

A resposta me assusta, porque na verdade não tive sonho algum.

Sim, pesadelos são sonhos, e notem como lembramos muito mais dos pesadelos sonhados do que dos sonhos bons repetidos.

É a mecânica do ruim, tudo o que ruim é ignorado, mas a sensações ruins ficam marcadas lá no fundo e aprendemos a guardá-las como uma força sem igual. Se você não lembra daquele porre horrível de conhaque barato, basta sentir o cheiro da bebida que o seu fígado faz o serviço por você – assim é com os sonhos, basta uma memória de leve que você se revira todo por dentro, contorcendo-se como minhoca no sol.

Portanto, evitarei os sonhos, os pesadelos e o conhaque ruim.

Eugênia

Percebo as suas vestes
A quilômetros do agora
Em um país distante
Nada concreto na demora.

O sorriso de canto vibra
Em um tom baixo que toca
A pele desvairada e travessa
No instante vago da aurora.

Talvez os olhos se percam
Entre as cores do espectro
Das possibilidades distantes
E das verdades ausentes,
Mas eles brilham verdes
Nem que de outra cor sejam.

É mentira bem ensaiada
Contada a nós mesmos por anos
E sabemos, num estalo pulsante,
Que a verdade não é presente
Dado a quem realmente amamos.

30.3.10

Diálogo com a Roda

Não tive muitos motivos
Para fingir que não sinto.
Porém, vi dois vícios
Armados com a razão:

- Não há mistério, nem perdão.

Maltrapilho bem trabalhado
No mal caminho seguido,
Fez-se essa a razão das horas
E a alma se mostrou pronta
Para levar as alegorias a sério:

- Não há perdão na miséria.

Afastei-me então da humanidade,
Aposentei tudo o que é frágil
E construí um muro de plástico.
Forrei-me de isopor e borracha,
Isolei-me entre concreto e vácuo.

No final, veio a ironia
Do destinho travesso que devora,
Sem pressa e com paciência,
Todas as oportunidades bem quistas:

Definhei por falta de ar e comida,
Pois meus braços atados
Não ficaram à vista.

Tradução Livre

Olhou com calma para a legenda congelada na tela. Tinha a mania de assistir filmes com as legendas originais. Se o filme era francês colocava-as em francês, fazia o mesmo com o inglês e o espanhol. Tentou fazer o mesmo com um filme em alemão, mas mostrou aí a sua limitação – afinal, tentativa e erro é sempre o que move a vida, principalmente daqueles que preferem aprender sozinhos, observando e ouvindo.

Hoje havia uma frase perdida lá, não tinha contexto, era apenas um good morning pulsante, com um fundo berrante de neon com duas pessoas passando. Significado? Nenhum, apenas uma imagem perdida dentro de um longa sem muito conteúdo feito para orgasmo de uma equipe de pseudo-intelectuais que se achavam pseudo-gênios.

Tiago sorriu de canto. Como se divertia com esses pensamentos revoltosos e se achava mais pseudo-gênio que os que julgava. Foi até a cozinha, abriu a garrafa de vodka fechada que havia comprado já fazia uns meses. Encheu o copo: dois dedos de vodka, meio copo de suco de cassis. Lá estava uma bebida sofisticada, jazendo fria dentro de um copo de requeijão. Pra fechar, cinco pedras de gelo em formato de pinguim.

Sua têmpora pulsava, os dentes rangiam e as unhas já estavam tão bem aparadas que nem pareciam ter sido devoradas pela compulsão desenfreada. Duas horas acordado, tentando digerir o que nem havia descido direito por sua garganta.

Foi até o quarto e olhou para a silhueta que dormia embaixo dos lençóis. Pensou no que aquilo significava e porque se dava a liberdade de sofrer pequenas mortes sem sentido toda vez que estava deprimido. Fritou alguns neurônios no processo. Nada de eureca. Nada de epifania. Nada de conclusão mágica, só uns minutos perdidos tentando compreender porque deixava Angélica se aproximar dele desse jeito – e porque se punia, já que não queria estar com ela.

Era apenas uma questão de sofrimento auto-induzido, de novelização de um drama já tão velho e tão comum.

“Todas as pessoas fazem isso”, pensou, dando os ombros a um suspiro que saia de mansinho de cima da sua cama. Deu as costas e seguiu com seu drinque punk-chick até a sacada. Acendeu um cigarro de cravo, daqueles bem enjoativos. Encaixou-o na piteira, comprada por bons sete reais na tabacaria do shopping mais próximo, e soltou uma baforada gostosa, desenhando aneizinhos de fumaça no ar.

Angélica se arrastou pela casa, um ser etéreo enrolado no lençol. Parou atrás de Tiago e pediu um trago da bebida e roubou uma baforada do cigarro. Ficou lá, esperando ele dizer alguma coisa. Os dois olhares se cruzaram em diálogo e ela entendeu algumas coisas, mas como era de sua índole, respondeu rapidamente e metralhando-o com palavras soltas sem respirar:

– Querido, não tem porque me olhar com esse ódio todo. A culpa não é minha, mas eu me sujeito a isso. Afinal, já não falamos que não vamos namorar e que eu não vou largar do Henrique para ficar com você. Não estou me iludindo. E você também não está se iludindo, afinal, ainda sai com minha irmã bancando o namoradinho perfeito, não é mesmo?

Ele engoliu quadrado aquele gole de bebida, que desceu como veneno destruindo tudo o que havia entre a garganta e o estômago.

– Angel, você consegue ser uma filha da puta quando quer, não é? Você sabe que sempre prometemos que essas trepadas não se repetirão, mas estamos sempre caindo no mesmo erro. E a foda é boa. Sinceramente, odeio ter que ficar mentindo toda vez que falamos “tchau”. Já pensou em parar com a hipocrisia e deixar a vida seguir assim?

Ela tomou-lhe o copo das mãos, devolvendo o cigarro.

– Ti, não é questão de hipocrisia. Você sabe que fazemos essas promessas vazias para que possamos dormir sossegados depois. Não tem como negar que você continua me comendo porque não quer assumir nada com ninguém. A minha irmã é só uma desculpa. Você pega a virgenzinha recatada porque não quer se apaixonar e sai com a irmã vagabunda porque o risco é menor ainda.

E o que tinha descido queimando pareceu explodir, abrindo um buraco no estômago e arrasando com o que estivesse próximo. Provavelmente a cara de Tiago retorceu-se e aquele “good morning” estampado ao fundo da sala pareceu uma placa de caminhão vindo em sua direção – maldita legenda amarela.

– Creio que essa careta tenha algum significado, Ti. Agora temos um ponto. Você não assume que não quer se relacionar. Sou apenas uma desculpa. E promessas vazias o tornam mais humano, não é?

Rolou a língua pela céu da boca, havia algo estranho no sabor do cigarro. Ou era só o sabor da derrota.

Não respondeu nada. Colocou a calça, vestiu a camisa, calçou as botas e desligou o aparelho de DVD. Foi até a porta, olhou para trás para encarar os olhos cor de mel de Angélica. Ela sorriu de volta.

– Por favor, Angel. Ao sair, coloque comida para o gato e esvazie o cinzeiro, tudo bem?

Desceu a pé os dezoito andares de seu prédio.

Em alguns minutos estaria embarcando para o trabalho, mas resolveu deixar algumas palavras anotadas em um bilhete, aos cuidados do porteiro e endereçadas a Angélica:

“Não se preocupe, você tem razão, mas é dificil assumir que um pouco de normalidade é bom para manter a sanidade”.

Entrou no ônibus desejando que a vida moderna fosse um pouco mais simples e que as relações que mantinha fossem bem diferentes do que eram de fato. Talvez esse fosse o motivo por assistir tantos filmes com legenda em idiomas originais: decifrar o incompreensível ainda era possível, desde que fosse em uma obra de ficção.

No letreiro do ônibus piscavam as palavras em amarelo: “bom dia”.

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Este é um texto de minha autoria, o título dele que é "Tradução Livre" (para evitar problemas com os distraídos que possam achar que eu traduzi e não coloquei o autor). Foi escrito em 30 de março de 2010, data corrente. É ficcional, mas como toda ficção a gente pega as histórias que ouvimos, as nossas visões e misturamos com o que inventamos pra criar algo representativo.

7.1.10

Perdida

Leio o contrário,
Como um estilhaço de bala:

Pode parecer torto,
pouco ou quase nada,
mas vale mais que o tempo
perdido de mãos atadas.

Toda vez que uma linha sai
Outra urge ao contrário
E nos nós de tantos cizais
Moro em teu imaginário.

Leio para vocês
um pedaço da minha alma.

A mentira

Havia na rua um traço
Riscado forte de perfume barato.

As vozes eram uníssonas
Em sua cacofonia das horas,
Enquanto eu procurava a rua
Para fazer em mim dez mil demoras.

Não sabia se era a fome
Ou apenas a gula que vinha ao prato.

Você veio de leve
E me puxou pela cintura,
Os joelhos tremeram
Ao sentir sua textura.

Não via o chão que me guiava,
Mas aceitava o caminho dado.
Você era a minha musa
E o meu destino selado.

Havia na rua um traço
Riscado forte de sangue coagulado.

As vozes, tantas delas caladas,
Mudaram para a valsa das seis:
As ruas transbordavam alagadas,
Os valetes se fantasiavam de reis.

6.1.10

A espera.

Ele.

A distância nunca foi algo que o incomodou de verdade, já teve namoradas que moravam em outras cidades e algumas que saíram do país por períodos até que longos (para ele, uma semana eram décadas). Também nunca se estranhou muito com essa coisa de ciume, sempre foi uma pessoa calma que não ligava para as horas que seus amores passavam com outros amores – sim, porque amigos, colegas de trabalho, hobbies, vibradores e tortas de chocolate são tipos de amores.

Tudo isso o pintava como uma pessoa bem resolvida. Todos o achavam, por isso, um tanto frio e distante dos valores comuns. Nunca se preocupou em ser sensível, isso era coisa pra bichinha ou pra esses eminhos que pintavam os olhos – o que diriam seus amigos que ouviam rock cafajeste se ele fosse diferente?

Nunca o viram chorar, só quando o Bruce Willis pulou do prédio em Duro de Matar. Ah, aquilo sim foi a emoção da sua vida.

Bom, isso é o que ele pensava até agora, segurando o retrato de Tereza nas mãos. Nunca foi de imprimir fotos, nem mesmo de guardar momentos, pois sempre achou que isso o deixava fraco, mas lá estava uma foto impressa em Epson LX 310. Jamais ostentou a sua sensibilidade, mas ele era sim um emozinho, mas não pintava os olhos. Sempre guardou seu lado cafona dos outros – ninguém nunca procuraria naquela pasta de seu computador, que sabiamente nomeou de “workstuff”, por músicas dos Hanson, Back Street Boys, The Cure e Brian Adams.

A coceirinha da saudade o deixava estranho com ele mesmo, mas nunca amou Tereza. Bom, pelo menos não do jeito que os outros homens pensam que é amor. Nunca foi com ela para a cama. Sim, foi, uma ou duas vezes, mas nunca fez sexo, porque bastava o calor dos dois corpos para eles se sentirem bem.

Não conseguia imaginar porque agora, depois de tantos anos, Tereza era uma imagem tão sólida em sua mente. Podia sentir o cheiro dela pela casa, podia escutar os seus passos felinos e ouvir a sua voz rouca. Empolgava-se em pensar nos mil planos que ela estaria fazendo ali com ele, sentados os dois de pijamas feitos com roupas velhas de colegial e com os dedos sujos de aprontar alguma arte bem tosca que chamariam de “prova de conceito”.

Ah, lá estava o sorriso bobo de adolescente em sua face, só de imaginar que aquilo viraria música. Sentia que podia compor mais alguma daquelas suas obras primas que falavam coisas bonitas como “cachaça é água benta para os francos”. Mas só imaginava a continuidade com um solo bem chinfrim de violão – daqueles que deixariam o Guns com inveja.

Não adiantava, Tereza fazia suas voltas e revoltas sem mesmo estar presente. E não era porque ela queria essa distância, ela aconteceu, mas foi nessa distância que os dois se aproximaram.

Ela.

Nada como um bom café em São Paulo. Mateus já não mandava e-mails de Seatle faziam semanas. Ela se sentia estranha. Nunca desejou tanto palavrinhas escritas pela Internet. Ela sabia muito bem que no final, ele mandaria alguma bobeirinha e terminaria com uma piada das mais bestas possíveis, sugerindo que estava pegando todas por lá.

Bem pudera, com aqueles cabelos encaracolados e aqueles olhos cor de mel, qualquer gringa cairia fácil nos braços não-tão-fortes-assim-mas-saborosos dele.

Dois retoques na maquiagem aqui, uma arrumada nos cabelos loiros ali, ela se contorceu na cadeira esperando alguma cantada do grupo de meninos do outro lado. Enquanto isso, várias mensagens de textos para os amigos e a continuidade na leitura de seu livro sobre design emocional.

No seu MP3 player, um pouco de electro francês e um pouco da raiva de não poder acender a porra de um cigarro em locais fechados – os cafés de São Paulo deixaram tanto de parecerem cosmopolitas, ou será que o mundo cosmopolita ficou corretamente politizado?

Vários pensamentos, projetos e planos, no turbilhão de seus peitinhos duros. Ela olhava para si mesma e sentia a falta de alguma coisa que não sabia bem – havia esquecido algum acessório ou o algum detalhe do pedido ao garçom?

Acessou a internet pelo celular esperando um e-mail de Mateus, olhando a sua volta e dando um dos seus tão particulares nozinhos nos cabelos. Sorriu, não havia nada, só uma esperança.

Eles.

Não se encontraram nos próximos meses, nem Tereza e nem Mateus. Quando se viram, deram um abraço sem jeito, não falaram dos pequenos e-mails trocados, das piadas prontas, dos projetos e nem de tanta coisa que os tempestuou por tanto tempo.

Sentaram-se de mãos dadas em um banco do parque Trianon e lá trocaram olhares. Eram duas crianças que não sabiam bem o que dizer. Não realizaram nem metade das saudades que tiveram, nem dos desejos, nem dos sonhos e nem dos planos – apenas se olharam.

Compartilharam a intimidade do silêncio e, depois de algumas horas, deram um abraço demorado, um beijo no rosto bem caloroso. Em uma escorregadinha de canto da boca tocaram os lábios. E só.

Despediram-se e se viram três meses depois, fizeram o mesmo rito. E isso se repetiu por anos.

Hoje, os dois tem filhos. Marido e esposa que não são eles e o maior tesouro em seu peito ainda está guardado. Todas as vezes que se encontram no passar dos anos dão o mesmo beijo de canto da boca e esperam que o sublime seja realizado.

Envelhecem sem envelhecer a si mesmos.

Dedicado a todos aqueles que, na felicidade da ausência, esperam.

Quarta-feira, 6 de janeiro de 2010 – 4h13 da manhã

4.1.10

Primeiras vezes

Desci do ônibus em minha cidade natal, do tão famoso "Cometão", ao lado do terminal municipal de ônibus. Sorocaba é uma dessas cidades que tem uma infra-estrutura bem particular de transporte, nada muito grandioso, mas que funciona bem. Coloquei a mala aos meus pés e fiquei a esperar o ônibus que me levaria até a casa dos meus pais.

Comecei a observar as coisas que estavam a minha volta, como é de minha natureza curiosa, e fixei a atenção em um casal de adolescentes. Os dois não deviam ter mais do que quinze anos. Idade fantástica, onde o fantástico está em não saber de muita coisa e mesmo assim ter o melhor que o mundo lhe dá: as primeiras vezes.

Trocavam carícias, beijos e olhares, como se o mundo inteiro estivesse resumido lá entre os dois.

Assumo: invejei-os do fundo do meu coração, com aquele amargor maldito que só a malícia nos dá. O amor, quando não se tem tanta bagagem emocional, é a coisa mais bonita do universo e é um universo por si só.

Como seria se eu apagasse todas as mágoas? Todos os encontros tristes? Todos os sorrisos dados? Todas as vezes que fui pra cama com alguém?

Resgataria eu a pureza das primeiras vezes? Trocaria todas as boas memórias - e as ruins - para poder errar de novo, mas que fosse, com certeza, sempre pela primeira vez.

Isso é algo que o tempo nos dá, seja em uma vida acelerada ou na maior calmaria possível. O gosto daquela comida especial muda com o passar dos anos - e como isso é triste.

Voltei a observá-los no meio dos meus devaneios, estavam os dois bem entrelaçados nessa viagem entre saudosismo e reflexão: ambos deixaram-se perder o seu ônibus. Deixaram-se ficar juntos por mais alguns minutos. Talvez eles nem se amem e seja apenas um "ficar por hoje", mas eu não me importo.

Sorrio lembrando quando fazia o mesmo: deixar-me perder o ônibus para ficar abraçado com minha primeira namorada esperando o próximo. Dez minutos eram uma vida condensada, sensações maravilhosas e que nunca vou me esquecer. Lembrei também que o fazia por namoradas ou por algum rolinho, mas eu me permitia fazer isso e me sentir pleno, vivendo aquela primeira vez.

O experimentar é saudoso, fica apenas o desejo de provar o pavê da sua avó com o mesmo gosto que tinha quando você não marcava no odômetro mais do que seis anos corridos.

Resta a nós, que trazemos tantas bandagens sujas, tantos vícios de resposta e tantos medos infundados, ficarmos pasmos quando observamos os que ainda se soltam de verdade em seus primeiros voos.

Creio que, se todos agíssemos como pássaros novos e não ligássemos para as fraturas, seríamos pessoas mais felizes.

Espero o meu ônibus com o desejo mais profundo de novas primeiras vezes.

19/12/2009