28.4.05

Mudar a si mesmo em si mesmo é retórica frouxa.

Quando pensamos que podemos mudar o mundo, tudo fica mais leve. É como se essa megalomania disfarçada de autruísmo pudesse, de maneira inovadora, transformar o mundo cinza em um imenso show dos Teletubies. A nossa alma fica mais leve somente pelo desejo de efetuar mudanças: nossos olhos se perdem entre milhares de imagens salvadoras, mas em todas elas somos mártires de causas impossíveis. Tentamos mudar o mundo pela força de nossas imagens utópicas e moldamos a realidade do jeito que ela melhor se adequa a nossos planos – quando queremos felicidade, projetamos a felicidade em alguma coisa qualquer que esteja a nossa vista (nem sempre aquilo nos faz feliz de fato, é só uma ilusão de grandeza para evitar a rudeza com que a vida nos trata).

Tiramos da cartola milhares de truques para compensar nosso desejo de contruir sonhos aos milhares, mas concretizamos menos do que poderíamos contar em uma mão. Quase nenhuma realização de nossa vida depende diretamente do nosso zelo e excesso de imaginação, tudo é questão de sorte – o que separa uma pessoa com potencial de ser alguém maior do que é do que uma que realmente é se concentra apenas nos mesmos coeficientes dos jogos de azar.

See ya.

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